Vatican Media / EPA
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Papa Francisco dirigindo-se aos fiéis na Praça de S. Pedro, no Vaticano (2018)
Em Roma, as orações pelo Papa não convencem os turistas. Quem trabalha no Vaticano confessa-se desiludido; e aponta que, quando foi João Paulo II a estar doente, o espírito dos turistas era diferente.
O Papa Francisco, de 88 anos, foi hospitalizado no dia 14 de fevereiro, na sequência de uma pneumonia nos dois pulmões. Na última sexta-feira, o estado de saúde do Sumo Pontífice agravou, depois de uma crise respiratória.
Esta segunda-feira, o Vaticano informou que Francisco passou a noite bem e está a descansar, apesar de se manter em estado crítico.
Nas ruas adjacentes à Praça de São Pedro e ao hospital Gemelli, em Roma, estão dezenas de jornalistas e repórteres de imagem, a fazer diretos televisivos e a falar com quem passa, sempre com a abóbada da Basílica em fundo de ecrã.
Em entrevista à Lusa, na Praça de São Pedro, Alfredo, um “grande amigo” do cardeal português José Saraiva Martins, está desiludido com os turistas.
Alfredo é dono de uma das bancas de venda de artigos religiosos no Vaticano.
Queixa-se das baixas vendas dos terços com a imagem de Francisco – o que, para o empresário do Vaticano, indica que os turistas “não estão preocupados” com o estado de saúde do Papa.
Com João Paulo II foi diferente
Numa segunda-feira em que a chuva incomoda mas não afasta as filas de turistas que visitam o Vaticano, Alfredo tem dezenas de terços com a imagem do Papa Francisco, mas o negócio já não é o que era.
“No tempo do João Paulo II é que se vendia muito. Agora não”, disse, recordando as semanas de doença terminal do pontífice polaco, em 2005.
“É só um euro mas poucos compram. Isso também é porque as notícias são melhores. Ele está num limbo e as pessoas acreditam que ele vai melhorar”, afirmou.
Turismo desprendido da religião
A alguns metros, perto da ponte de Santo Ângelo, uma mãe e um filho português vieram a Roma pela primeira vez… mas não pelo Papa.
“Estamos a fazer um cruzeiro que incluía Roma”, diz a mulher, que admitiu saber da situação clínica do líder da Igreja Católica.
“Ele está mal. Esperemos que se recupere, porque tem sido um grande homem”, afirma.
Já Micha, uma japonesa de 38 anos que está a fazer uma viagem alargada pela Europa, não sabia sequer que o Papa estava doente.
“Eu não leio muito as notícias. É uma pena, gostava de o ter visto”, diz a professora de informática de Tóquio, que incluiu Roma numa viagem que a leva a cinco capitais europeias. “Mas não Lisboa”, diz, sorrindo.
ZAP // Lusa