O teorema do macaco infinito sugere que um número infinito de primatas, dactilografando indefinidamente, poderia eventualmente reproduzir qualquer texto, incluindo obras de Shakespeare. No entanto, o tempo necessário é muito maior do que a vida útil do universo. Escrever “banana” já seria mais realista.
O “teorema do macaco finito” afirma que, se tivéssemos um número infinito de primatas, ou se um primata tivesse tempo infinito, é quase certo que dactilografaria um determinado texto um número infinito de vezes.
Como explica a New Scientist, as origens do teorema são obscuras, mas é comummente atribuído ao matemático Émile Borel ou ao biólogo Thomas Henry Huxley. No entanto, a ideia geral pode mesmo remontar à Metafísica de Aristóteles.
Num novo estudo publicado na Franklin Open, investigadores da Universidade de Tecnologia de Sidney, na Austrália, dizem que, apesar de “matematicamente verdadeiro”, o teorema original é “totalmente enganador”.
Para resolver o problema, o novo estudo inseriu uma versão “mais realista” do teorema, e mediu a probabilidade de a atual população mundial de chimpanzés – cerca de 200.000 – conseguir reproduzir um texto escrito num tempo finito.
Segundo os cálculos de Stephen Woodcock e Jay Falletta, cada chimpanzé, pressionando uma tecla por segundo até o fim do mundo estimado em 10100 anos, enfrentaria dificuldades imensas até para gerar palavras simples como “banana” – apesar de admitirem que tal possa ser possível.
O estudo concluiu que um macaco precisaria de fazer 300.000.000 de cliques para escrever “bananas” e a probabilidade de um dos 200.000 macacos conseguir realizar esta proeza durante a sua vida seria de 5%.
Frases mais complexas, como “Eu macaco, logo existo”, têm uma probabilidade ainda mais baixa, cerca de 1 em 10 milhões de biliões de biliões.
Para escrever uma obra inteira de Shakespeare, que soma aproximadamente seriam necessários 107448366 cliques aleatórios das teclas – uma quantidade astronómica que excede em muito a duração estimada do universo.
Essa reflexão realça o quão extraordinária é a capacidade humana de criação literária e artística, comparativamente com a dos restantes primatas, e demonstra que as habilidades humanas são quase miraculosas. Para Stephen Woodcock, os humanos são “os chimpanzés vencedores da lotaria”.