Um estudo recente concluiu que viver em lugares mais isolados pode acelerar o envelhecimento. Os sintomas depressivos também contribuem para o processo.
Viver áreas urbanas, material e socialmente, empobrecidas e experimentar sintomas de depressão contribui para o envelhecimento biológico acelerado.
É a conclusão de um estudo feito por pesquisadores da McMaster University, do Canadá, que foi publicado no início deste mês, no The Journals of Gerontology, Series A: Biological Sciences and Medical Sciences.
A pesquisa incluiu também investigadores da Holanda, Noruega e Suíça e teve como base a metilação do ADN – um tipo de modificação química do ADN que pode ser herdada e subsequentemente removida, sem alterar a sequência original da molécula.
A pesquisa examinou dados epigenéticos de 1445 indivúdiuos inscritos no Canadian Longitudinal Study on Aging (CLSA) – uma plataforma de pesquisa que acompanha mais de 50 mil participantes, com idades entre 45 e 85 anos quando recrutados.
Foi também tida em conta a saúde de cada indivíduo e ainda os fatores de risco relacionados com doenças crónicas e hábitos prejudiciais à saúde.
“O estudo usou dois estimadores baseados na metilação do DNA, conhecidos como relógios epigenéticos, para examinar o envelhecimento no nível celular e estimar a diferença entre a idade cronológica e a idade biológica”, disse Divya Joshi, primeiro autor do estudo e investigador na McMaster University.
Através do relógio DNAm GrimAge os pesquisadores descobriram que o sofrimento emocional, causado pela depressão, pode resultar num desgaste biológico acrescido e na desregulação dos sistemas fisiológicos, o que, por sua vez, pode levar ao envelhecimento prematuro.
Os pesquisadores usaram, para o estudo, dois índices desenvolvidos pelo Consórcio Canadense de Pesquisa em Saúde Ambiental Urbana, com base nos censos de 2011, como dá conta o Sci Tech Daily.
O isolamento social reflete a presença de menos recursos sociais, tanto na família como na comunidade.
Já a privação material é um indicador da dificuldade das pessoas acederem a bens e regalias da vida moderna, como uma boa casa, alimentação nutritiva, carro, internet ou viver numa zona com instalações boas recreativas.
No entanto, o estudo não encontrou relação entre as condições sociais dos indivíduos e os sintomas depressivos, na aceleração da idade epigenética.
“Os nossos resultados mostraram que o efeito do isolamento social na aceleração da idade epigenética foi semelhante, independentemente dos sintomas de depressão, sugerindo que a depressão influencia a aceleração da idade epigenética por meio de mecanismos não relacionados à privação da vizinhança”, disse Divya Joshi.
“Estudos longitudinais, como o CLSA, são importantes para confirmar este tipo de associações”, disse Parminder Raina, professor na McMaster University e autor principal do estudo.
“Seguindo o mesmo grupo de indivíduos durante 20 anos, poderemos determinar se as mudanças epigenéticas são estáveis ou reversíveis ao longo do tempo, e obter informações sobre os mecanismos levam ao envelhecimento epigenético acelerado”, finalizou.