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O reinado das Labubu pode ser curto. Chegaram (de novo) os Fugglers

// Addo Play

Alguns dos bonecos Fuggler disponíveis (às vezes) para os colecionadores

Desenvolvidos em 2010, cinco anos antes de as Labubu chegarem ao mercado, os peluches britânicos Fuggler registaram um aumento de interesse nas redes sociais chinesas. Segundo um especialista em marketing, o sucesso dos bonecos britânicos poderá ser fruto do “síndrome do refugiado do TikTok”.

A guerra dos brinquedos de peluche está a aquecer.

Agora, rebentou a moda dos Fugglers, bonecos britânicos semelhantes a monstros — que aparentemente emergiram das sombras após o recente sucesso arrebatador das horríveis Labubu, bonecas colecionáveis com “ar maléfico mas bom coração” criadas por um designer de Hong Kong.

Os Fugglers, que apareceram recentemente na popular plataforma chinesa de redes sociais RedNote, levam o “feio-fofo” ao extremo, diz o South China Morning Post.

Estes “horríveis monstros engraçados”, como se apresentam, estão agora a ameaçar roubar os holofotes às Labubu, criadas pelo designer Lung Ka-sing e fabricadas pela Pop Mart, com sede em Pequim.

As Labubu, pequenas bonecas conhecidas pelos seus sorrisos travessos distintos e pelo que tem sido apelidado de estética “feio-fofa”, tornaram-se recentemente um fenómeno: quem as consegue comprar acumula milhões de visualizações a mostrar as suas coleções, e quem as vende cobra preços astronómicos pelas Labubu — que normalmente estão esgotadas.

Mas o seu reinado poderá revelar-se curto: a nova moda são agora os Fugglers, também “monstrinhos fofinhos” identificáveis pelos seus “dentes semelhantes aos humanos, olhos vagos e comportamento perturbador“, criados pela artista britânica Louise McGettrick e distribuídos pela Addo Play.

Desenvolvidos em 2010, cinco anos antes de as Labubu chegarem ao mercado, os peluches Fuggler parecem ter beneficiado do interesse recente por monstros simpáticos, estando a registar um aumento de popularidade no TikTok — que é, ainda assim, bastante inferior ao recolhido pelas Labubu.

Isso não impede os utilizadores das redes sociais de se entreterem em acesas discussões sobre se os Fugglers irão competir seriamente pelo trono dos brinquedos colecionáveis.

“Ouvi dizer que esta coisa é agora um concorrente do Labubu?” escreve um utilizador. “Os dentes não são nada fofos! Quem gosta disto?”, conta o SCMP. “Esta coisa pode fazer uma criança chorar, é tão feia”, diz outro utilizador.

Tal como acontece no fenómeno Labubu, alguns utilizadores partilham as suas histórias pessoais — que passam invariavelmente por tentar comprar todo o stock disponível nas lojas que visitam — e partilhar fotografias das suas coleções. “A minha família fuggler cresce a cada dia“, diz um utilizador.

Em Hong Kong, os peluches Fuggler de 22 cm podem ser encontrados em lojas como a Toys’R’Us, onde são vendidos a preços que variam dos 15 aos 20 euros.

Mas o preço de alguns modelos raros pode subir rapidamente nos mercados de revenda: um conjunto de Fluggers do universo Batman foi recentemente vendido por 135 euros na plataforma de comércio online Carousel.

Ainda assim, não é certo que os Fugglers consigam destronar as Labubu no mercado de brinquedos feios colecionáveis, dizem especialistas consultados pelo SCMP

Segundo Roy Ying Fai, professor de marketing da Universidade Hang Seng de Hong Kong, “geralmente o sucesso de colecionáveis como as Labubu é de curta duração”, uma vez que os colecionadores tendem a acorrer rapidamente à moda que se lhes siga.

“Sim, as Labubu são muito populares neste momento. Pode ainda estar lá amanhã, pode não estar”, diz Fai. “Portanto, é importante começar a investir em novas ideias.”

Segundo o especialista, há no entanto um fator que pode explicar o súbito sucesso dos Fugglers nas redes sociais e plataformas de comércio online da China — a que chama o “síndrome do refugiado do TikTok“: milhares de utilizadores dos EUA acorreram ao RedNote devido às incertezas sobre o futuro da plataforma no país.

“Na verdade, a recente guerra das tarifas está a abrir portas no mercado chinês para muitas das marcas americanas ou europeias”, diz Roy Ying Fai.

Mas, segundo a psicóloga clínica Leung Chung-ming, parte do apelo contínuo destes produtos é a tendência de ligação social que criam.

Chung-ming salienta que as publicações nas redes sociais onde os utilizadores partilham vídeos de desembalagem e apresentam as suas coleções criam tendências e “ciclos de validação” — que induzem novas compras.

“Ter estes brinquedos da moda… não é apenas sobre o brinquedo”, diz a psicóloga. “É sobre pertencer a uma comunidade“.

ZAP //

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