“O que acontece ao país depende muito do sucesso do Norte”

António Costa diz que o Norte é um motor muito importante no crescimento da economia portuguesa e a sua convergência com o resto do país é fundamental. O aumento das qualificações da população também é necessário. O primeiro-ministro quer 70% da população adulta com ensino secundário até 2030.

António Costa disse, esta terça-feira, que “o que acontece ao país depende muito do sucesso” da região Norte, referindo-se à sua economia e dinâmica inovadora e exportadora.

O primeiro-ministro falava à margem do Seminário Estratégia Norte 2030, em Santa Maria da Feira – que, apesar de pertencer ao distrito de Aveiro, se localiza na área metropolitana do Porto.

“O Norte é, efetivamente, um motor fundamental do crescimento da economia, do investimento em investigação e desenvolvimento, da inovação, da capacidade exportadora”, disse António Costa, no encerramento da sessão da manhã, que decorreu no Europarque.

“Portanto, o que acontece ao conjunto do país depende muito, obviamente, do sucesso dessa região”, rematou.

O primeiro-ministro apresentou, esta terça-feira, o Programa Operacional (PO) Norte 2030, a milhares de autarcas, funcionários das administrações públicas, empresas e membros da comunidade científica.

Perante uma plateia cheia, no centro de congressos, António Costa salientou que o PO Norte 2030 “é, de longe, o PO regional com maior peso“, estimando-o em 43% “da totalidade das verbas alocadas aos PO regionais”.

O chefe do Governo considerou essa proporção como algo “decisivo para o país”, face à importância do Norte no contexto nacional.

“Esta estratégia Norte 2030 e os seus três ‘is’ – industrialização, internacionalização e inovação – estão particularmente alinhados com aquilo que são os grandes objetivos, também, do desenvolvimento a nível nacional no horizonte 2030″, frisou o primeiro-ministro.

“O Norte está num forte processo de aceleração”

António Costa lembrou que “o primeiro grande objetivo é garantir uma década de convergência com a União Europeia”, levando a que Portugal tenha de crescer durante 10 anos consecutivos acima da média europeia.

“É assim que tem acontecido desde 2016”, com a exceção de 2020 devido à pandemia de covid-19, assinalou, querendo assegurar que Portugal continua a “aproximar-se dos países mais desenvolvidos“.

“Para isso, a convergência da região Norte com o conjunto do país é também absolutamente decisiva, porque um dos fatores que nos tem permitido convergir com a União Europeia tem sido, precisamente, o facto de a região Norte também estar a convergir com o conjunto do país”, referiu.

António Costa lembrou que o Norte “foi uma das regiões mais afetadas pelo choque competitivo que o país sofreu na viragem do século, e que fez com que a região Norte tenha regredido, em termos de convergência, durante muitos anos”.

“Agora está num forte processo de aceleração, já era visível em 2019, e infelizmente ninguém vai poder saber o que é que teria acontecido se não tivéssemos tido a covid. A verdade é que passado a covid, retomou claramente esse ritmo, e isso é absolutamente fundamental”, frisou.

Assim, para atingir a convergência, “é preciso que a estratégia o possa apoiar”, alicerçadas no aumento de 25% das empresas exportadoras e na modernização do tecido produtivo nacional, bem como no aumento das qualificações da população, afirmou.

“Não podemos deixar ninguém para trás”

Quanto ao aumento das qualificações da população, o primeiro-ministro defendeu a continuidade do investimento na qualificação dos portugueses, assumindo a meta de, até 2030, 70% da população adulta ter, pelo menos, o ensino secundário completo.

O chefe do Governo referiu que o investimento na qualificação dos portugueses foi a “maior mudança estrutural” que o país teve nos últimos 20 anos.

António Costa disse ainda que esse esforço “tem de ser prosseguido e não se pode centrar apenas nas novas gerações”, onde o país já está “acima da média europeia na frequência do ensino superior”.

Não podemos deixar ninguém para trás”, afirmou, sublinhando que o investimento que tem de ser feito na educação e na formação de adultos “é da maior importância”.

O primeiro-ministro referiu também que o investimento na educação dos adultos implica um esforço “gigantesco” do ponto de vista das pessoas e das empresas, porque “grande parte desta população é a população ativa”.

O governante lembrou ainda que, em 2004, quando foi o último processo de alargamento da União Europeia, só 25% da população portuguesa tinha o ensino secundário, enquanto que, nos novos países da adesão, 75% da população já tinha pelo menos o ensino secundário.

António Costa revelou que há uma meta contratualizada para que cerca 200 mil trabalhadores estejam envolvidos em ações de ‘upskilling’ e ‘reskilling’, tendo em conta que há um conjunto de atividades que hoje existem e que vão necessariamente ser descontinuadas, neste processo de transição digital e energética.

ZAP // Lusa

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