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O planeta está a enviar um sinal de sofrimento: a crónica do caos climático

ZAP // Marion / pixabay; André Kosters / Lusa

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, avisou hoje que o “planeta está a enviar um sinal de sofrimento”, numa mensagem vídeo enviada aos participantes na Cimeira do Clima COP27, no Egito, que arrancou de manhã.

“No momento em que arranca a COP27, o nosso planeta está a enviar um sinal de sofrimento”, afirmou Guterres, citado pela agência de notícias AFP, referindo-se a uma “situação crónica do caos climático”.

A conferência climática da ONU arrancou hoje, em Sharm el-Sheikh, no Egito, com um novo alerta sobre a aceleração do aquecimento global, cujo financiamento dos danos a países pobres está pela primeira vez, oficialmente, na lista dos debates.

Segundo dados divulgados hoje pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), os oito anos entre 2015 e 2022 serão os mais quentes já registados.

Até 18 de novembro, delegados de quase 200 países tentarão dar um novo fôlego à luta contra o aquecimento global, enquanto as múltiplas e inter-relacionadas crises que abalam o mundo – guerra na Ucrânia, inflação e ameaça de recessão, crise alimentar – levantam receios de que o tema vai ficar em segundo plano.

“Vamos implementar juntos os nossos compromissos para a humanidade e para o nosso planeta”, apontou o ministro egípcio Sameh Choukri, que preside à cimeira.

Os impactos das alterações climáticas têm-se multiplicado, como mostram os diversos desastres que atingiram o planeta em 2022, desde as inundações históricas no Paquistão, às repetidas ondas de calor na Europa, além de furacões, incêndios, ou secas.

Os custos daqueles desastres já rondam as dezenas de milhares de milhões de euros, pelos quais os países do sul do globo, mais afetados, reivindicam uma compensação financeira.

O tema delicado das “perdas e danos” foi oficialmente adicionado à agenda das discussões, durante a cerimónia de abertura, enquanto até então era apenas objeto de diálogo previsto até 2024.

A desconfiança dos países em desenvolvimento é forte, enquanto não se cumpre a promessa dos países do norte de aumentar para 100.000 milhões de dólares por ano, a partir de 2020, a ajuda aos do sul, para reduzirem as emissões e se prepararem para os impactos.

Outra questão premente nas discussões prende-se com evitar um recuo nos compromissos de redução de emissões, que, mesmo assim, ainda são insuficientes.

Apenas 29 países apresentaram planos de redução aprimorados desde a COP de 2021, em Glasgow, na Escócia, embora tenham assumido o compromisso de o fazer.

2015 e 2022: a crónica do caos climático

Se as projeções para este ano se confirmarem, os oito anos de 2015 a 2022 serão os mais quentes jamais registados, alertou hoje a Organização Meteorológica Mundial (OMM) num relatório em que faz uma “crónica do caos climático”.

Esta “crónica do caos climático” mostra claramente que “a mudança se processa a uma velocidade catastrófica”, devastando vidas “em todos os continentes”, acrescentou, apelando para uma resposta através de “ações ambiciosas e credíveis” durante as duas semanas desta conferência sobre o clima no Egito.

Com uma temperatura média estimada de 1,15°C superiores à da era pré-industrial, o ano de 2022 deverá classificar-se “apenas” como o quinto ou o sexto dos anos mais quentes, devido à influência não habitual, pelo terceiro ano consecutivo, do fenómeno oceânico La Niña, que provoca uma baixa das temperaturas.

“Mas isto não altera a tendência a longo prazo. É apenas uma questão de tempo até haver um novo ano mais quente”, insistiu a OMM, agência especializada da ONU.

Decisores políticos, académicos e ONGs reúnem-se entre hoje e 18 de novembro em Sharm el-Sheikh na 27ª cimeira da ONU sobre alterações climáticas, COP27, para tentar travar o aquecimento do planeta, limitando o aquecimento global a 2ºC, e se possível a 1,5ºC, acima dos valores médios da época pré-industrial.

Líderes como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmaram a presença, e o Governo português vai ser representado pelo primeiro-ministro, António Costa.

ZAP // Lusa

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