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O “ouro dos tolos” não é assim tão tolo

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Calvin Chai / Unsplash

Cristal de pirite

Uma nova investigação acaba de revelar que a pirite pode aprisionar pequenas quantidades de ouro, o que a tornaria muito mais valiosa.

A pirite, vulgarmente conhecida como “ouro dos tolos”, tem aparência de ouro, mas o seu valor é apenas uma fração do valor daquele metal precioso​. Uma nova investigação vem agora provar que, afinal, este mineral não é assim tão “tolo”.

Uma equipa de cientistas da Curtin University, na Austrália, descobriu que, quando se está a formar sob pressão e temperaturas extremas, o cristal de pirite pode adquirir algumas imperfeições na sua estrutura cristalina. Essas imperfeições, por sua vez, podem ser preenchidas por átomos de ouro.

Denis Fougerouse explicou que este ouro “invisível” só é observável com a ajuda de um instrumento científico chamado sonda atómica. “A taxa de descoberta de novos depósitos de ouro está em declínio em todo o mundo, com a qualidade do minério a degradar-se, paralelamente ao aumento do valor do metal precioso”, disse, citado pelo Science Daily.

Os mineiros conseguiram encontrar ouro na pirite, mas esta nova descoberta é diferente: “o que descobrimos é que o ouro também pode ser alojado em defeitos de cristais em nanoescala, representando um novo tipo de ouro ‘invisível'”, esclareceu o investigador.

Quanto mais deformado for o cristal, mais ouro há preso em defeitos. O ouro está alojado em defeitos de nanoescala chamados deslocamentos – 100 mil vezes mais pequenos do que a largura de um cabelo humano – pelo que é necessária uma técnica especial chamada tomografia de sonda atómica para o observar”, acrescentou.

Apesar da pequena quantidade de ouro presente em minerais como a pirite, investigações futuras podem fornecer detalhes sobre a formação dos depósitos de minerais.

A equipa acredita que estas novas descobertas podem também ajudar os mineiros a extrair ouro da pirite com mais eficácia, reduzindo potencialmente as emissões de gases de efeito estufa.

“Para extrair o ouro, o mineral costuma ser oxidado em grandes reatores, que utilizam uma quantidade considerável de energia. Talvez a pirite ainda cumpra a sua reputação histórica de ‘ouro de tolo’ até que técnicas de processamento de minério, melhores e mais ecologicamente sustentáveis, ​​sejam desenvolvidas”, rematou Fougerouse.

O estudo foi publicado no dia 24 de junho na Geology.

Liliana Malainho, ZAP //

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