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O mundo não está preparado. A próxima erupção vulcânica massiva vai causar o caos

R. Clucas / Wikimedia

Erupção do super-vulcão Redoubt vista de península de Kenai, no Alasca, 1990

A próxima erupção maciça pode acontecer ainda este século. Com um clima cada vez mais instável e se um plano de ação, este fenómeno pode correr muito, muito mal.

A erupção do Tambora em 1815 foi a mais poderosa de que há registos.

O que se seguiu, em 1816, foi chamado o “ano sem verão“: as temperaturas globais caíram, as colheitas falharam, as pessoas passaram fome, uma pandemia de cólera espalhou-se e dezenas de milhares de pessoas morreram, lembra a CNN.

Desde então, muitas erupções vulcânicas depois, este continua a ser lembrado como o mais maciço. Mas parece que o próximo evento destes está mesmo…próximo.

As provas geológicas sugerem uma hipótese de 1 em 6 de uma erupção maciça neste século, disse o professor de clima na Universidade de Genebra Markus Stoffel. Garante que a próxima erupção maciça “causará o caos climático”, e “a humanidade não tem qualquer plano”.

Uma erupção vulcânica maciça pode lançar o dióxido de enxofre através da troposfera — a parte da atmosfera onde o tempo acontece — para a estratosfera, a camada a cerca de 11 quilómetros acima da superfície da Terra, onde os aviões voam.

Aqui, formam-se então pequenas partículas de aerossol que dispersam a luz solar, refletindo-a de volta para o espaço e arrefecendo o planeta. Estas partículas “vão dar a volta ao mundo e durar alguns anos“, explica Alan Robock, um professor de clima da Universidade Rutgers que passou décadas a estudar os vulcões.

No caso dos vulcões modernos, os dados de satélite mostram a quantidade de dióxido de enxofre libertada. Quando o Monte Pinatubo, nas Filipinas, entrou em erupção em 1991, lançou cerca de 15 milhões de toneladas para a estratosfera.

Não se tratou de uma erupção maciça como a do Tambora, e mesmo assim arrefeceu o mundo em cerca de 0,5ºC durante vários anos. Imagine-se, então o que uma erupção maciça pode fazer.

“O mundo atual é mais instável”, recorda Michael Rampino, professor da Universidade de Nova Iorque, que investiga as ligações entre as erupções vulcânicas e as alterações climáticas. “Os efeitos podem ser ainda piores do que os que vimos em 1815.”

Em primeiro lugar, tem de se ter em conta o impacto imediato de uma catástrofe natural deste tipo. Calcula-se que cerca de 800 milhões de pessoas vivam num raio de aproximadamente 100 quilómetros de um vulcão ativo. Uma erupção maciça pode destruir uma cidade inteira.

O Campi Flegrei, por exemplo, tem mostrado sinais de agitação e situa-se a oeste da cidade italiana de Nápoles, onde vivem cerca de um milhão de pessoas.

A mais longo prazo, os impactos podem ser cataclísmicos, aponta a CNN. Uma queda de 1ºC na temperatura pode parecer pequena, mas não é, e o aumento pode ser bem mais do que isso. “Se olharmos para certas regiões, o impacto será muito maior“, disse May Chim, cientista da Terra da Universidade de Cambridge.

Embora possamos acreditar que a possibilidade de existir, de facto, uma erupção maciça ainda é pequena, “na realidade, não é”, alerta Stoffel, e atualmente o mundo não está preparado para os impactos que ela poderia desencadear. “Estamos apenas a começar a ter uma ideia do que pode acontecer“, diz.

Por outro lado, há felizmente também razões para estarmos otimistas: ao longo da História, a Humanidade já sobreviveu a cinco apocalipses — e há quem diga que está preparada para mais.

ZAP //

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