O maior telescópio do mundo é Extremamente Grande. O que vamos conseguir ver com ele?

Wikimedia Commons

Impressão de artista do futuro Telescópio Extremamente Grande (ELT), que ficará no Deserto do Atacama, no Chile.

Vai destronar o Webb ao captar mais luz do que todos os telescópios existentes combinados e visitar as primeiras galáxias do Universo para tentar responder à pergunta eterna: “estamos sozinhos?”

Vai chegar em breve, ao Chile, o Telescópio Extremamente Grande (ELT), cujo nome não mente — e é até ingénuo.

A verdade é que o gigante ótico se prepara para conquistar o título de maior telescópio do mundo e provar que o céu não é o limite ao estabelecer um novo horizonte no mundo da Astronomia.

Com um espelho primário de 39 metros, o ELT vai superar a capacidade de captação de luz combinada de todos os grandes telescópios existentes ao criar a superfície refletora mais extensa e precisa alguma vez conhecida.

Esta capacidade notável permitirá ao novo “brinquedo” detetar objetos milhões de vezes mais ténues do que aqueles visíveis ao olho humano.

https://www.youtube.com/watch?v=4YZpxnobYEs

Um dos principais objetivos do ELT é observar algumas das primeiras galáxias formadas, com luz que viajou 13 mil milhões de anos para nos alcançar — mas as suas intenções vão além disso.

A questão mais profunda que o ELT procura responder é uma das maiores e mais velhas incógnitas do nosso mundo: “estamos sozinhos no Universo?”

A busca pela vida alienígena com dois instrumentos

Sendo que o ELT vai ser o primeiro telescópio a encontrar exoplanetas semelhantes à Terra na “zona Goldilocks” das suas estrelas, onde as condições são propícias para a vida, a busca pela vida alienígena pode vir a sofrer uma evolução monumental.

A câmara do ELT, com resolução seis vezes maior do que a do infame Telescópio Espacial James Webb, vai captar as imagens mais nítidas destes exoplanetas que alguma vez vimos.

No entanto, há que ressalvar que imagens por si só não serão suficientes para determinar o potencial de vida nestes exoplanetas, explica o Real Clear Science. Os astrónomos vão empregar a espectroscopia para analisar o espectro de luz em busca de sinais de água, oxigénio e outros gases indicadores de vida recorrendo aos quatro espectrógrafos do ELT, construídos precisamente para este fim.

O instrumento Harmoni vai analisar a luz das atmosferas dos exoplanetas gigantes para detetar sinais de vida; o instrumento Andes, mais especializado e desenhado especificamente para detetar exoplanetas menores e semelhantes à Terra, vai identificar mudanças mínimas no comprimento de onda da luz causadas pelos efeitos gravitacionais destes planetas nas suas estrelas hospedeiras.

Gigante vai ver os primeiros momentos do Universo

O Extremamente Grande vai introduzir um novo método de deteção de exoplanetas.

Ao contrário do método de trânsito tradicionalmente usado para descobrir estes astros gigantes, o Andes focar-se-á na deteção do subtil balanço numa estrela causado pela atração gravitacional do planeta em órbita — um método que requer a deteção de alterações incrivelmente ligeiras na cor da luz, uma tarefa para a qual o Andes estará singularmente equipado.

Fruto de um investimento “astronómico” de 1,45 mil milhões de euros, o ELT propõe-se a detalhar o nosso lugar específico no Universo, procurar sinais de vida “lá fora” e, em suma, redefinir toda a nossa compreensão do cosmos.

Vai espreitar, por nós, os primeiros momentos do Universo e dizer-nos o que há muito além do nosso sistema solar. Tudo deve começar em 2028, ano previsto para a conclusão do projeto.

Tomás Guimarães, ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.