Pelo segundo inverno consecutivo, a extensão do gelo marinho da Antártida tem estado abaixo da média.
Durante 2024, uma equipa de cientistas australiana acompanhou a extensão do gelo marinho, depois de a cobertura de gelo marinho de 2023 ter atingido os níveis mais baixos desde o início dos registos por satélite.
“Em 2023, o extremo do inverno estava fora das expectativas de todos, não apenas devido à sua magnitude, mas porque é a altura errada do ano. No inverno, o oceano devia estar gelado”, diz o investigador Will Hobbs, em comunicado.
“Embora o gelo marinho do verão de 2024 estivesse em grande parte dentro da variabilidade normal, neste inverno voltámos a assistir a flutuações caóticas semelhantes às do ano passado, produzindo agora o extremo de inverno mais baixo de que há registo”.
Segundo o Phys.org, os últimos dois anos foram os mais quentes no planeta, com temperaturas globais mais de 1,5° graus acima da era pré-industrial. Este calor global reflete-se nos oceanos à volta da Antártida e é um fator crucial para a manutenção de um nível recorde de baixo gelo marinho.
No passado dia 7 de setembro, a extensão de gelo marinho atingiu apenas 17 milhões de quilómetros quadrados, em comparação com a anterior extensão mínima de inverno no mesmo dia em 2023 — de 17,1 milhões de quilómetros quadrados.
“A redução da extensão do gelo marinho pode levar a um aumento da ocorrência e da duração dos extremos húmidos no verão sobre a Austrália e, inversamente, a períodos mais longos de dias secos durante o inverno”, acrescenta o cientista, Phil Reid.
Por sua vez, as caraterísticas-chave do gelo marinho levaram os cientistas a ter dificuldade nas suas medições — por exemplo na medição da sua espessura. No entanto, conseguiram observar que alguns dos gelos marinhos são bastante finos, mais finos do que a média e vulneráveis a perturbações atmosféricas.
Embora a perda de gelo marinho não altere diretamente o nível global do mar, apresenta um impacto indireto potencialmente grande, sobretudo no verão.
Esta situação elimina uma barreira protetora que retarda a perda de gelo glaciar do continente e contribui para acelerar o aquecimento dos oceanos, uma vez que as águas escuras expostas absorvem mais calor da atmosfera.
Assim, é essencial encontrar formas de evitar estas mudanças, que são cada vez mais comuns na atualidade.