O fim de uma espécie? Garoupas macho fogem ao acasalamento (por causa da pesca)

Rucha Karkarey

Garoupas num local de agregação de desova

As populações de garoupas de cauda quadrada enfrentam um futuro incerto, uma vez que a pesca dirigida aos seus locais de desova está a fazer com que os machos fujam repetidamente dos seus territórios durante os encontros para acasalamento.

Ao fugirem para se protegerem, estes animais acabam por perder tempo importante para chamar a atenção e cortejar as fêmeas.

Segundo o Study Finds, os garoupas machos chegam aos locais de agregação alguns dias antes das luas novas ou cheias e criam territórios de acasalamento para atrair as fêmeas.

As fêmeas chegam um dia antes da lua nova e os machos tentam acasalar e desovar em sincronia com os ciclos lunares antes delas partirem.

Um novo estudo, publicado a semana passada no Biology Letters, revela que o impacto da pesca dirigida aos locais de desova da garoupa, Plectropomus areolatus, vão para além dos peixes capturados, provocando alterações comportamentais generalizadas nos que ficam para trás.

“Não podíamos aproximar-nos tanto destes animais, que nadavam para longe como se fôssemos predadores. Havia uma diferença no seu comportamento e apercebemo-nos de que a principal coisa que tinha mudado desde o nosso estudo anterior era o início da pesca no local“, explica a primeira autora do estudo, Rucha Karkarey.

Os investigadores compararam o comportamento de machos de garoupa em locais de desova com e sem pesca, bem como com os dados recolhidos em estudos anteriores.

De modo a perceber a reação dos peixes, os mergulhadores nadaram horizontalmente em direção às garoupas em desova para ver até que ponto conseguiam aproximar-se de um peixe antes de este fugir, bem como o tempo que este passava a defender o território e a cortejar na ausência de uma ameaça direta.

Através do estudo, os biólogos observaram que os machos solteiros nos locais de pesca tinham duas vezes mais probabilidades de fugir. Além disso, demoravam cerca de duas vezes mais a regressar aos territórios do que os peixes nos locais sem pesca.

Menos de metade dos machos solteiros regressam aos seus territórios no local pescado, enquanto dois terços dos machos não emparelhados no local não pescado regressaram aos seus territórios.

A equipa descobriu ainda que os garoupas machos nos locais de pesca gastam menos tempo e energia a defender agressivamente os territórios dos rivais.

O stress causado pela pesca está assim a tornar os peixes mais nervosos e vigilantes e, consequentemente, a reduzir as oportunidades de encontrarem uma companheira e se reproduzirem.

Soraia Ferreira, ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.