O que têm em comum um geofísico e uma estudante adolescente? A paixão pelo espaço e pelas possibilidades que existem para lá dos limites da Terra.
Unir gerações através do Espaço foi o mote para a sessão da Agência Espacial Portuguesa na edição deste ano da Web Summit.
Considerada a maior feira de tecnologia e empreendedorismo a nível mundial, a Web Summit regressou a Lisboa na última segunda-feira, dia 13 de novembro, e termina esta quinta-feira.
O palco DeepTech acolheu o painel Bridging Generations Through Space, moderado por Joan Alabart, gestor de projetos de relações industriais da Agência Espacial Portuguesa.
O painel teve como oradores o professor universitário e geofísico Rui Moura e a estudante Beatriz Jorge, finalista da edição de 2023 da iniciativa Zero-G Portugal – Astronauta por um Dia.
A sessão centrou-se na exploração espacial e nas possibilidades que o Espaço pode abrir para todos, sempre a partir dos pontos de vista dos dois oradores, numa conversa que deambulou entre o presente, o passado e o futuro do Espaço em Portugal.
E apesar de quase 40 anos separarem Beatriz Jorge e Rui Moura, ambos disseram partilhar do mesmo fascínio pelo Espaço.
“Para mim, começou num museu de ciência em Londres, com a minha mãe, quando vi a cápsula do Apollo 10. Foi uma visita ao museu, em criança, que capturou a minha imaginação pelo que seria o Espaço”, recordou o professor da Universidade de Aveiro.
No caso de Beatriz, também a infância abriu um portal “para a imensidão do Espaço”.
Rui Moura, o primeiro português a integrar o programa POSSUM (Polar Suborbital Science in the Upper Mesosphere), tem desenvolvido investigação sobre as propriedades geofísicas dos materiais planetários e lunares, tendo já realizado experiências de microgravidade dentro dessas temáticas.
Por isso, para o geofísico, “o Espaço pode ser usado como um meio de exploração científica”. Mas não só: “Há uma coisa muito importante que aconteceu nos últimos anos: a democratização do espaço. Muitos países que, antes, não tinham oportunidade de lançar satélites ou de fazer experiências, hoje conseguem fazê-lo. O espaço deve ser inclusivo, mais democrático e mais acessível.”
Joan Alabart apontou que esse é um dos focos de ação da Agência Espacial Portuguesa, que desde 2022 promove o Zero-G Portugal, que permite que jovens adolescentes de todo o país possam flutuar em microgravidade, tal como os astronautas. Ao mesmo tempo, “desperta-se o interesse dos mais novos para o setor”, disse.
Segundo as palavras de Beatriz Jorge, a missão foi cumprida: “Ainda hoje falamos muito uns com os outros e dizemos todos o mesmo: isto mudou a nossa vida.”
A jovem estudante apontou que a competição promovida pela Agência Espacial Portuguesa vem provar que “qualquer um pode ter acesso às várias possibilidades do espaço”. “Não é só para engenheiros e não é uma área difícil. É para todos”, acrescentou Joan Alabart.
O gestor de projetos de relações industriais da Agência perguntou, no início da sessão, quem teria sonhado, em criança, com a possibilidade de ser astronauta. Quase toda a plateia ergueu a mão.
No final, outra questão: “Se daqui a 25 anos vos dissessem que poderiam ir à Lua, iriam?” O cenário repetiu-se, com várias mãos no ar e o fascínio pelo Espaço a encher o palco DeeptTech.
ZAP // PT Space