O dia D de Boris Johnson? As sete vidas do primeiro-ministro britânico podem estar prestes a esgotar-se

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Primeiro-ministro britânico deve apresentar hoje mais uma cartada tendo em vista a reconquista da sua popularidade, ferida pelos sucessivos escândalos que tem vindo a enfrentar.

Boris Johnson tem hoje mais uma prova de jogo ao seu mandato conturbado. O primeiro-ministro britânico esteve presente no debate semanal na Câmara dos Comuns, onde foi confrontado pela oposição com as notícias dos últimos dias relacionadas com as festas em Downing Street durante a pandemia, que o próprio admitiu ser responsável por, apesar de dizer que desconhecia que estas infringissem as regras que visavam os ajuntamentos sociais.

Ian Blackford, do Partido Nacionalista Escocês, apelidou o primeiro-ministro de “absolutamente patético” e acusou-o de “gozar com os britânicos”. “Ninguém acredita mais nele. Senhor Presidente, temo que já ninguém continue a comprar esta representação. Deveria haver existir algum respeito e dignidade em relação ao cargo de primeiro-ministro.” O deputado acrescentou ainda que Johnson “acredita que está acima das regras” e acusa-o de “torcer descaradamente a verdade”.

Diana Johnson, dos trabalhistas, tratou de questionar o governante de forma direta sobre as suas capacidades de continuar no cargo. “Quando o primeiro-ministro tem de passar o seu tempo a convencer os eleitores de que é estúpido e não desonesto, não está na hora de sair?” Perante este comentário, o conservador tentou reafirmar a sua honra, remetendo para a luta contra a covid-19. “Eu já expliquei o meu ponto. Acho que o público respondeu ao que este Governo tem feito da forma mais eloquente possível.”

Ainda assim, as piores notícias para Johnson podem não resultar do debate, mas sim dos encontros dos deputados mais jovens do seu partido, aparentemente apostados em afastar o líder. Segundo os relatos da imprensa britânica, a última noite foi marcada por uma reunião com mais de 20 deputados tory no gabinete de Alicia Kearns, deputada da região de Rutland and Melton — conhecida pela empada de porco, o que já valeu à reunião a alcunha de “putsch da Empada de Porco“.

A reunião sobre o futuro de Boris terá prosseguido, num clima mais informal, no Carlton Club, já com a presença de mais de 100 deputados. O número ao certo ainda é desconhecido, mas vários deputados já terão garantido ao The Times que entregarão ao Comité 1922 — responsável por convocar uma moção de censura interna ao primeiro-ministro — cartas a solicitar essa mesma votação. Ao mesmo jornal, fontes do partido garantem que o número de 54 cartas necessárias será atingido ao longo do dia de hoje.

No debate de hoje, a oposição interna também se fez ouvir, com David Davis, antigo ministro, a pedir a Boris Johnson que se demita “pelo nome de Deus” — num dos momentos mais tensos da sessão. “Eu espero que os meus líderes assumam as responsabilidades das suas ações. Ontem [na declaração à ITV] , ele fez o oposto disso”.

Há ainda relatos contrários que indicam que alguns deputados preferem esperar pela conclusão do inquérito interno às festas, conduzido por Sue Gray, para decidirem o seu posicionamento. Gray já entrevistou Boris Johnson e agora pretende fazer o mesmo a Dominic Cummings.

No seu discurso hoje no Parlamento, Boris Johnson anunciou o fim de algumas das medidas atualmente em vigor para conter a pandemia — em linha com os seus planos de que o Reino Unido se torne o primeiro território a declarar o fim da pandemia e a passagem a um estado de endemia — algo com o qual muito dos seus colegas de partido discordam, assim como os especialistas em saúde pública e a própria Organização Mundial de Saúde. Este anúncio também já é conhecido como “Operação Carne Vermelha”, a qual servirá para fazer frente aos danos reputacionais das últimas semanas.

No que respeita a medidas concretas (que integravam o chamado Plan B), Boris Johnson declarou o fim da obrigatoriedade de certificado digital Covid em estabelecimentos e a recomendação de teletrabalho obrigatório. O uso de máscara — que muitos britânicos continuam a rejeitar — em espaços fechados mantem-se.

ZAP //

4 Comments

  1. cBJ na BERLINDA – Mexericos de “comadres”” e de “compadres” da politica rasteira britânica querem por em dúvida o bom desempenho do Primeiro Ministro Boris Johnson. Em sua maioria são os descontentes com a saída do Reino Unido da UE- BREXIT. Ora, a decisão foi uma medida estratégica e oportuna , que visava a continuidade soberana de um Império que existe há séculos e que lidera uma Comunidade composta por cinquenta e três países , nações espalhadas por todos Continentes. Ja se imaginou a velha Albion recebendo ciumeiras da França e da Alemanha, velhas desafetas do passado?!!! Não, os ingleses escoceses e irlandeses são indomáveis, nem o Império Romano conseguiu dominá-los e saíram pela tangente. A Rainha Isabel tem sangue correndo nas veias de alemães e, quiçá, de franceses, e nos seus noventa anos sabe, perfeitamente, o que é a casa de gatos e ratos que se instalou no Continente. O Boris Johnson, um inglês com metade sangue turco correndo em suas veias sabe “negociar” com “gregos e troianos”. É o que pensa [email protected]

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