A idade mais antiga já registada para o campo magnético da Terra sugere que este se desenvolveu antes da existência de um núcleo planetário sólido, há 3,7 mil milhões de anos.
O campo magnético da Terra pode ter sido tão forte há 3,7 mil milhões de anos como é hoje, o que faz recuar a data mais antiga desta bolha protetora planetária em 200 milhões de anos.
A cronologia coloca o campo magnético em ação por volta da mesma altura em que a vida começou a surgir na Terra.
Os fósseis mais antigos do planeta – tapetes de cianobactérias chamadas estromatólitos – datam de há 3,5 mil milhões de anos. Alguns investigadores afirmam ter encontrado estromatólitos com 3,7 mil milhões de anos.
O novo estudo sugere que, nessa altura, o planeta tinha à sua volta uma bolha magnética protetora que desviava a radiação cósmica e as partículas carregadas nocivas do Sol.
No entanto, o fluxo de partículas solares carregadas era muito mais forte nessa altura, explica Claire Nichols, Cientista da Terra da Universidade de Oxford e autora principal do estudo, que foi publicado a semana passada no Journal of Geophysical Research.
Esse forte “vento solar” teria destruído a magnetosfera que protegia o planeta, o que significa que a Terra estava muito menos protegida do que está atualmente — uma descoberta que tem implicações na procura de vida extraterrestre.
“Quando estamos à procura de vida noutros planetas, ter um campo magnético não é necessariamente fundamental”, explica Nichols ao Live Science. “Porque, na verdade, apesar de ter uma magnetosfera muito mais pequena, ainda assim a vida parece ser capaz de se desenvolver“.
A busca por vida extraterrestre é apenas uma das razões para se perguntar sobre o campo magnético da Terra. Nem todos os planetas têm uma magnetosfera e os investigadores não sabem ao certo o que é que fez com que a da Terra se desenvolvesse.
Atualmente, o campo magnético é impulsionado pela agitação da parte líquida do núcleo e pela transferência de calor do núcleo interno sólido para o núcleo externo convectivo, à medida que o primeiro arrefece. Mas os investigadores pensam que o núcleo não se solidificou até há cerca de mil milhões de anos.
“O que quer que esteja a impulsionar o campo magnético no núcleo era igualmente poderoso antes da solidificação do núcleo“, disse Nichols.
Os investigadores estão agora interessados em aprofundar as ligações entre o antigo campo magnético e a atmosfera da Terra.
Há cerca de 2,5 mil milhões de anos, a atmosfera sofreu subitamente uma inundação de oxigenação. Isto deveu-se em parte ao desenvolvimento da fotossíntese, explica Nichols, mas a força do campo magnético pode afetar os gases que permanecem na atmosfera e os que escapam para o espaço.
“Estou realmente interessada em saber se o campo magnético desempenhou um papel na evolução da atmosfera da Terra ao longo do tempo”, conclui Nichols.