Um pigmento-chave encontrado no tomate e na melancia é o responsável pela criação do “Pinkglow”, o abacaxi cor-de-rosa geneticamente modificado e desenvolvido ao longo de 16 anos.
A empresa Del Monte Foods conseguiu criar e lançar com sucesso um abacaxi cor-de-rosa, denominado “Pinkglow”, que tem sido “varrido” das prateleiras e recebido muita atenção do mercado — nem sempre com as melhores intenções.
Desenvolvido ao longo de 16 anos, o fruto é cultivado exclusivamente na Costa Rica, mas já se espalhou pelos mercados do Qatar, Arábia Saudita e até Canadá e EUA.
Mas afinal, o que é que torna a fruta tropical cor-de-rosa?
O pigmento-chave na origem do Pinkglow
A sua pigmentação única é o resultado de concentrações mais elevadas de licopeno, um pigmento que surge naturalmente e que também é encontrado em tomates e melancias.
A típica conversão de licopeno em beta-caroteno nos abacaxis, que produz a cor amarela comum, é inibida no Pinkglow. A enzima responsável por esta transformação, licopeno beta-ciclase, é silenciada usando interferência de ácido ribonucleico (ARN), uma técnica que adiciona um gene ao genoma do abacaxi que bloqueia a produção da enzima, segundo o Live Science. Esta adição permite a acumulação do licopeno, dando ao fruto uma distinta “carne” rosa.
O processo de criação do abacaxi cor-de-rosa geneticamente modificado começou já em 2005 e foram precisos aproximadamente seis anos e quatro gerações da planta para testar a sua viabilidade.
Alto preço e procura atraem produtores ilegais
De acordo com a patente detida pela Del Monte, a empresa detém direitos exclusivos para cultivar e vender o Pinkglow, tornando-o propriedade intelectual privada — uma manobra legal que impede qualquer outra empresa de produzir esta variedade específica.
Além do Pinkglow, a Del Monte também introduziu um abacaxi “Honeyglow”, com um interior extra-dourado.
Ambas as variedades contribuíram significativamente para o aumento dos lucros brutos da empresa, que viu a procura ultrapassar a oferta. Enquanto os abacaxis-rosa são vendidos nos supermercados locais a cerca de 8,50€, estão disponíveis para o mercado internacional online por preços que variam entre os 24,70€ e os 33,30€ — valores que refletem conhecidas estratégias de marketing ligadas à escassez da oferta e que têm atraído novos produtores.
Na cidade de Alajuela, na Costa Rica, as autoridades têm vindo a detetar plantações ilegais do ananás, cujos direitos de plantação e comercialização são exclusivos à Del Monte.
A introdução do Pinkglow não só torna mercado de frutas tropicais ainda mais colorido, mas também o introduz à ciência, podendo ter implicações futuras na popularidade de produtos geneticamente modificados.