Numa operação disruptiva para a medicina, médicos transplantam rins de porcos para dois humanos

Órgãos eram provenientes de porcos geneticamente modificados, o que permitiu aos cientistas adaptá-los às necessidades do corpo humano.

Num avanço notável para a medicina, um grupo de cientistas norte-americanos conseguiram realizar, de forma bem sucedida, dois transplantes de rins de porco para o corpo humano, com nenhum tipo de problema grave reportado no curto prazo. Ainda assim, vale a pena ressalvar, a tecnologia não deverá estar disponível para práticas clínicas tão cedo.

De acordo com o site Gizmodo, o procedimento aconteceu nas últimas semanas de novembro e foi realizado por uma equipa do NYU Langone Health. À semelhança da última experiência, o rim não foi ligado à sua posição natural no corpo humano, mas a vasos sanguíneos na parte superior da perna. Posteriormente, o rim foi tapado, de forma a que a equipa conseguisse observar a evolução do projeto ao longo das 54 horas seguintes. Durante esse período, o órgão pareceu funcionar de forma normal e o corpo não apresentou sinais de rejeição.

O primeiro transplante ocorreu em setembro e teve a “participação” de um humano que se encontrava em morte cerebral e estava prestes a ter as máquinas que o mantinham vivo desligadas — sendo que a equipa de investigadores recebeu a autorização da família para realizar tais procedimentos. Desta feita, o recetor do órgão era um indivíduo era um — também doador de órgãos — funcionalmente morte que estava ligado ao ventilador.

“Fomos capazes de replicar os resultados da primeira experiência para demonstrar e comprovar a premissa de que estes órgãos geneticamente formados podem ser uma fonte renovável de órgãos para milhões de pessoas em todo o mundo à espera de este presente que as possa salvar”, explicou Robert Montgomery, diretor do Instituto de Transplantes do NYU Langone.

Tal como lembra o Gizmodo, o transplante de animais para humanos — a xenotransplantação — é um objetivo há muito perseguido pela medicina. No entanto, as pequenas — quase subtis — diferenças entre os órgãos humanos e os dos mamíferos, até os mais próximos, são de tal forma importantes que rapidamente levam à rejeição por parte do corpo do indivíduo que recebe o órgão.

No caso dos suínos, estes produzem uma substância, uma variante de açúcar chamada alfa-gal, que os humanos não produzem e que constituem um impedimento ao transplante de órgãos. Ainda assim, como os porcos utilizados foram geneticamente modificados para não produzirem a substância em causa, o transplante foi considerado seguro.

Esta é também uma questão controversa na sociedade, apesar de, em sondagens, a maioria dos inquiridos se mostrar recetiva à prática caso esta se fosse disponibilizada de forma abrangente.

No que concerne aos ensaios levados a cabo pela NYU, estes integram um projeto da instituição que tem como objetivo testar a viabilidade da abordagem, sendo, ainda assim, necessários mais estudos — com doentes reais que beneficiariam da doação.

ZAP //

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