As Ilhas Faroé têm pouco mais de 50 mil habitantes. Para combater a distância a que estão do mundo, fizeram 17 túneis em terra e 17 submarinos. São grandes obras de engenharia, e a “Torre Eiffel” do país nórdico — uma verdadeira obra de arte.
As Ilhas Faroé são um arquipélago autónomo que pertence ao reino da Dinamarca. Têm um clima selvagem e imprevisível — ventos e chuvas fortes e nevoeiro espesso que se instala como uma cortina — pode, por vezes, tornar problemáticas as viagens de carro ou de ferry, conta a CNN.
Tem incríveis vulcões, paisagens de tirar o fôlego e, em 2023, apenas cerca de 53 mil habitantes. Apesar do país se situar no meio do oceano Atlântico, sem nada que o rodeie, entre a Islândia, A Noruega e a Escócia, isso não significa isolamento completo.
“Embora sejamos 18 ilhas, brincamos muitas vezes que, por causa dos túneis, desafiamos o facto de sermos ilhas“, diz Súsanna Sørensen, diretora de marketing da Visit Faroe Islands.
As ilhas construíram 17 túneis em terra e quatro submarinos, incluindo o único túnel submarino do mundo com uma rotunda debaixo de água. Apelidada de “medusa”, esta rotunda tornou-se uma atração turística — para quem não é claustrofóbico, pelo menos. Está decorada, bem como partes dos túneis, com imagens e luzes.
“São a nossa Torre Eiffel ou o Big Ben”, diz Teitur Samuelsen, Diretor Executivo da Eystur-og Sandoyartunlar, a empresa que explora os túneis, “com pessoas, especialmente turistas, a atravessá-los só para ver a arte“. E, na verdade, são verdadeiras obras de engenharia.
Todos os dias, mais de 6000 veículos percorrem o túnel submarino de quase 11 quilómetros que liga Streymoy, a maior das Ilhas Faroé e onde se situa Tórshavn (uma das mais pequenas capitais do mundo), a Eysturoy, a segunda maior ilha do arquipélago.
Marita Gulklett / Flickr

Dentro de um dos túneis que ligam as Ilhas Faroé
Estes túneis submarinos são criados utilizando o método de perfuração e explosão: fazer buracos no basalto — uma rocha ígnea forte — e depois encher os buracos com dinamite.
No seu ponto mais baixo, o túnel está a cerca de 187 metros abaixo do nível do mar. E embora ter o Atlântico Norte sobre a cabeça possa provocar ansiedade, pode sentir-se confiante na sua construção, garante Samuelsen.
“Os túneis foram concebidos pelos melhores engenheiros e geólogos do mundo, pelo que a segurança em relação ao Atlântico não é um problema”, afirma.
Para além do aspeto visual, o túnel está também saturado de arte auditiva. A experiência foi criada através da “gravação dos sons da construção, bem como do silêncio no túnel“, diz Thomsen.
Em vez de usar instrumentos convencionais, “esta técnica permitiu-me encontrar a voz do túnel”, diz o músico responsável, Jens L. Thomsen.
E os aspetos práticos também são de realçar. Com a rotunda do túnel, o tempo de condução entre a capital Tórshavn e a ilha de Eysturoy foi reduzido de cerca de 60 minutos para cerca de 15 minutos.
“Durante o inverno, o ferry podia por vezes ser cancelado durante dias, diz a residente Barbara av Skard. Os feroeses resolveram o problema com arte — literalmente.