Uma equipa de investigadores descobriu uma solução extremamente simples e natural para filtrar água contaminada: madeira de árvores não floridas.
Estima-se que 790 milhões de pessoas, o que corresponde a cerca de 11% da população mundial, não tem acesso a um abastecimento de água potável. Muitas organizações e empresas estão a trabalhar em formas de minimizar estas números.
Uma destas equipas é constituída por investigadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que descobriram uma solução extremamente simples e natural: transformar árvores não floridas, como pinheiros, em filtros de água.
De acordo com Interesting Engineering, o interior desse tipo de madeira contém alburno coberto de xilema. Estes dutos semelhantes a palha puxam a água pelo tronco e galhos da árvore. Os condutores de xilema são interligados por membranas que funcionam como peneiras.
Para evitar que os filtros de madeira sequem ou bloqueiem com o tempo, a equipa mergulhou pequenas partes da madeira em água quente durante uma hora. Depois, mergulhou-se em etanol antes de deixá-las secar.
Este método permite que o filtro mantenha a sua permeabilidade e evita que o filtro fique obstruído.
Novos protótipos foram criados e testados em situações do mundo real na Índia, onde mais de 160 milhões de pessoas não têm acesso a água potável segura e confiável.
Os investigadores descobriram que os seus filtros naturais conseguem remover bactérias como E. coli e rotavírus – uma das causas mais comuns de diarreia. Os filtros tratados removeram 99% destes contaminantes, o que atende à categoria de proteção abrangente de duas estrelas da OMS.
Além disso, estes filtros podem ser obtidos localmente de árvores nativas – exatamente o que a equipa fez durante a fase de investigação na Índia.
No final, os filtros testados no local com a água da torneira poderiam remover bactérias com segurança, filtrar a água purificada a uma taxa de um litro por hora e processar cerca de 10 a 15 litros de água por dia.
Em última análise, estes filtros mostram o potencial de uso em ambientes comunitários para remover bactérias e vírus da água potável contaminada.
“Achamos que estes filtros podem lidar razoavelmente com contaminantes bacterianos”, disse a líder do estudo Krithika Ramchander, em comunicado. Mas existem contaminantes químicos como arsénio e flúor, cujos efeitos ainda não conhecemos”.
Para ajudar as comunidades rapidamente, a equipa já partilhou as suas diretrizes para projetar e fabricar o filtro de madeira de xilema num site de código aberto. Agora, qualquer pessoa que esteja disposta a ajudar a apresentar o sistema a comunidades mais amplas pode recorrer a estes parâmetros seguros.
Os próximos passos serão realizar mais testes e estudos no local para continuar a encontrar o método mais eficaz para todos os envolvidos.
Este estudo foi publicado este mês a revista científica Nature Communications.