Uma nova pesquisa fez testes em ratos com resultados promissores, com um spray nasal a desativar uma enzima que agrava o declínio cognitivo.
A mais nova estratégia para prevenir o Alzheimer é um spray nasal capaz de retardar a deterioração cerebral ao desativar a função de uma enzima chamada S-aciltransferase. Os detalhes do estudo por trás dessa descoberta foram publicados na última terça-feira.
Tudo começou quando o grupo da Universidade Católica de Milão percebeu um excesso dessa enzima nos cérebros de pacientes com Alzheimer.
Por conta disso, a equipa acreditou que esse poderia ser um alvo promissor para novos medicamentos. Também descobriram que concentrações mais altas dessa enzima estavam associadas a um pior desempenho cognitivo.
Ao conduzir experiências em roedores, os cientistas também notaram que, nos estágios iniciais do Alzheimer, que essas enzimas alteram a função cognitiva e a acumulação anormal de aglomerados de proteínas, como beta-amiloide e tau — proteínas naturais que aumentam no cérebro de pessoas com Alzheimer à medida que a doença progride.
As funções dessas proteínas são reguladas por vários sinais e modificações, incluindo a ligação de uma molécula de ácido graxo em uma reação bioquímica chamada “S-palmitoilação”, feita por essas enzimas S-aciltransferase.
“A S-palmitoilação alterada desempenha um papel crítico no declínio cognitivo. A resistência à insulina pode impactar a quantidade de enzimas zDHHC ativas no cérebro. Mudanças moleculares que se assemelham a um cenário de resistência à insulina no cérebro causam um aumento dos níveis da enzima zDHHC7 e alteram a S-palmitoilação de proteínas envolvidas nas funções cognitivas e na acumulação de beta-amiloide”, afirmam os cientistas, num comunicado divulgado pelo EurekAlert!.
Spray nasal para prevenir o Alzheimer
Os cientistas desativaram a função da enzima S-aciltransferase em camundongos geneticamente modificados e viram que os sintomas de Alzheimer diminuem se a enzima for desligada geneticamente ou neutralizada com um agente (2-bromopalmitato) administrado por spray nasal.
O tratamento também retardou a neurodegeneração e até estendeu a expectativa de vida dos ratinhos. Mas lembrando que tudo isso só funcionou nos animais geneticamente modificados para reproduzir o Alzheimer. Os outros (sem Alzheimer, mas que receberam o tratamento mesmo assim) não tiveram essas mudanças.
As informações foram publicadas na revista científica PNAS.
Investigadores da University of Texas Medical Branch (UTMB), nos EUA, e da Università Roma Tre, na Itália, também acreditam que o spray nasal pode varrer do cérebro as proteínas que causam o Alzheimer.
// CanalTech