Li, B. et al.

Novo modelo baseou-se no terramoto na Turquia em 2023, um raro “doublet”. Podemos agora perceber melhor como se formam estes desastrosos sismos.
Uma equipa internacional de investigadores, liderada pelo Professor Martin Mai e pelo cientista Bo Li da Universidade de Ciência e Tecnologia King Abdullah (KAUST), criou um simulador 3D que revoluciona a forma como vemos os sismos.
Este modelo baseia-se em dados reais do devastador terramoto de fevereiro de 2023 na Turquia para compreender melhor as intensas vibrações do solo durante o evento.
“A combinação da geometria 3D da falha e do modelo 3D da estrutura da Terra torna as nossas simulações muito mais realistas e explica muito bem um vasto conjunto de observações”, disse o investigador Martin Mai à SciTechDaily.
O terramoto da Turquia consistiu num “doublet” — quando dois terramotos poderosos que ocorrem com uma curta diferença de tempo entre si.
No estudo publicado ano final de março na Nature, os cientistas mostram como, ao contrário dos sismos secundários típicos, os duplos são difíceis de modelar porque não seguem padrões normalizados.
Este simulador mostra como as alterações na velocidade de rutura, especialmente as ruturas de super-cisalhamento — as ruturas na falha que se propagam mais rapidamente do que a velocidade da onda de cisalhamento sísmico — podem alterar o padrão de abalos e causar abalos amplificados no solo longe do terramoto.
A forma como a rutura é desencadeada e atrasada devido à geometria complexa do terramoto e à tensão regional rotacional são outros elementos presentes no estudo, que revoluciona a forma como conseguimos assistir em detalhe a todo o desencadear do fenómeno, e desta forma conseguirmos proteger as nossas cidades quando ele acontece.
“As simulações numéricas avançadas da física dos sismos ajudarão a melhorar o planeamento e a afetação de recursos, de modo a proteger as infraestruturas e as vidas das ruturas violentas”, comenta Mai.