Mais de 9.000 padarias da Venezuela declararam-se esta segunda-feira em emergência devido à falta de farinha de trigo para a produção e abastecimento de pão, anunciou hoje a Federação Venezuelana de Industriais da Panificação e Afins (Fevipan).
A situação foi confirmada pelo presidente daquele organismo, Tomás Ramos, à saída de uma reunião de urgência com representantes das associações de padeiros filiadas à Fevipan, durante a qual aqueles profissionais manifestaram ainda preocupação pela falta de açúcar, margarinas, uvas passas e azeitonas.
Segundo Tomás Ramos, a escassez de produtos está a gerar “graves problemas de abastecimento de pão” e a obrigar as “padarias a tomar medidas severas” que passam pela redução da produção e por empréstimos de farinha entre padeiros, em “coordenação especial” com as principais moagens do país.
“As queixas do consumir estão a aumentar nas padarias e existe o perigo de que muitas não possam abastecer produtos importantes necessários para a dieta do venezuelano”, explicou aquele responsável.
Segundo Tomás Ramos, a Fevipan solicitou uma reunião com as autoridades alimentares venezuelanas, para “pela via do diálogo e do entendimento, enfrentar este grave problema que afeta o consumidor e mais de 9.000 padarias”.
“Este encontro permitirá desenhar um plano estratégico para resolver o problema da matéria-prima, daí a sua importância para este setor, que continua a fazer grandes esforços para continuar a abastecer a população”, disse.
Na Venezuela, um importante número de padarias são propriedade de empresários portugueses radicados no país.
Alguns padeiros de Caracas explicaram à agência Lusa que até agora, em situações de escassez, recorriam à solidariedade entre profissionais para conseguir farinha de trigo, mas atualmente os inventários estão cada vez mais baixos e nem sempre é possível emprestar matéria-prima.
Um dos padeiros explicou que passou a limitar a venda de pão a duas unidades por pessoa e que está a fabricar cada vez menos quantidade de pão.
“Antes era possível escolher entre o pão camponês, o pão siciliano ou galaico, a baguete bem cozida, ligeiramente cozida e com sementes de ‘ajonjoli’ (gergelim), mas hoje, por exemplo, só temos baguete ligeiramente cozida”, explicou uma das fontes.
Na Venezuela são cada vez mais frequentes as queixas dos cidadãos sobre dificuldades para conseguir alguns produtos.
O setor empresarial acusa frequentemente o Governo de atrasos na autorização de compra de dólares para fazer as importações de matérias-primas.
Desde 2003 que está vigente um sistema de controlo cambial, que impede a livre obtenção de moeda estrangeira no país.
/Lusa