University of South Florida
John Murray-Bruce e Robinson Czajkowski com um protótipo do seu dispositivo
Um novo dispositivo desenvolvido por uma equipa de investigadores da Universidade do Sul da Florida consegue reconstruir áreas ocultas atrás de um obstáculo, a partir de uma única fotografia, permitindo-nos ver “através do obstáculo”.
Alguns avanços tecnológicos são estimulados por acontecimentos que afetam a vida de um investigador.
Esse foi o caso de John Murray-Bruce, professor e investigador da Universidade da Florida do Sul, que teve recentemente um acidente de automóvel.
“Lembro-me de na altura ter desejado que houvesse forma de ver através de obstáculos. Teria conseguido ver o outro carro a aproximar-se” , conta o investigador ao EurekAlert.
Pois bem, foi isso mesmo que o professor assistente de ciência da computação e engenharia, com ajuda de Robinson Czajkowski, seu estudante de doutoramento, trataram de fazer:inventar uma tecnologia que nos permite ver através dos obstáculos e, em última análise, expandir a nossa linha de visão.
Os dois investigadores criaram um algoritmo que, a partir de uma única fotografia, cria reconstruções tridimensionais completas, altamente precisas e a cores, de áreas que se encontram atrás de obstáculos.
O conceito abre a porta a inúmeras potenciais aplicações práticas, desde ajudar a prevenir acidentes de automóvel, auxiliar autoridades policiais na aplicação da lei em situações de reféns, em operações de busca e resgate e em ações militares estratégicas.
A pesquisa foi apresentada num artigo publicado no início do mês na revista Nature Communications.
Czajkowski R., Murray-Bruce J. / Nature Communications
O algoritmo aproveita as sombras ténues projetadas em superfícies visíveis para criar estas reconstruções detalhadas, um método que representa um avanço significativo nas potenciais aplicações de câmaras digitais comuns na visualização de espaços ocultos.
Até agora, esforços semelhantes de imagem 3D exigiam equipamentos especializados e dispendiosos. A técnica de Murray-Bruce e Czajkowski alcança resultados comparáveis com um custo muito inferior.
O método usado transforma superfícies comuns em espelhos que refletem o invisível, fornecendo assim uma perspetiva 3D mais abrangente de um dado cenário.
“Ver através de cantos” poderá ser assim mais uma fantasia sonhada pelos autores da ficção científica que acaba por se tornar realidade. Mas, realça os investigadores, talvez tenhamos que esperar uns 10 ou 20 anos até termos disponíveis os primeiros dispositivos capazes deo fazer.
