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Nova louça da Vista Alegre abre polémica na TAP. “Pesa menos e poupa milhões”

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Patrick Ludolph / Wikimedia

Airbus A319 da TAP

A TAP começou, neste mês de Novembro, a usar uma nova louça da Vista Alegre na classe executiva, nos voos de longo curso. A decisão desagrada aos tripulantes de cabine que criticam os gastos e que se vêem forçados a maior proximidade com os passageiros, o que é problemático em tempos de covid-19.

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), representante da tripulação de cabine, reagiu de forma dura e sarcástica à estreia da louça de porcelana da Vista Alegre nas viagens executivas da TAP.

“Parece que foi encontrada a solução para a reestruturação da empresa: a nova louça da classe executiva pesa menos 15%, o que potencia poupanças de milhões e menos emissões de CO2 (com tantos aviões no chão temos emitido certamente muito menos)”, aponta o Sindicato num comunicado citado pelo Expresso.

A entidade está desagradada com o facto de não estar a ser ouvida no processo de reestruturação da TAP.

“Queríamos era saber quanto custou ou custará a nova louça?“, questiona ainda o SNPVAC numa altura em que a companhia de aviação enfrenta dificuldades económicas agravadas pela crise que abala todo o sector devido à pandemia de covid-19.

Não pode haver dinheiro para serviços e louças e depois não existir para mais nada. Não nos parece ajustado que no momento em que se pensa numa reestruturação exista uma empresa a duas velocidades. Sendo uma a da operação e outra a do marketing. Têm de se entender e ser coerentes”, atira também o Sindicato.

O SNPVAC ainda questiona “de que serve resguardar os tripulantes no embarque se depois durante o serviço o contacto não é reduzido ao mínimo essencial“. A Direcção Geral de Saúde tinha sugerido adoptar medidas para reduzir o serviço de modo a diminuir as possibilidades de contágio.

Nova louça vai ajudar a promover “o que é português”

A TAP enviou aos tripulantes uma carta onde explica que assinou uma parceria com a Vista Alegre para a criação de “uma linha de louça leve e funcional, reduzindo assim custos e emissões de CO2, e promovendo o melhor de Portugal”, segundo cita o Expresso.

A ideia era ter lançado essa louça nova em Março passado, mas o estalar da pandemia no nosso país não deixou.

Apesar de não ser o melhor momento, a empresa resolveu avançar agora com a estreia da porcelana porque a “promoção da sustentabilidade e do que é português nunca foi tão actual, nem nunca fez tanto sentido”, ainda de acordo com a mesma carta.

Num comunicado, a companhia de aviação explica ainda que “a substituição de loiça a bordo, é um processo corrente, correcto, adequado, economicamente equilibrado e vantajoso e que se salda num serviço melhor aos clientes”.

Além disso, “a loiça de bordo tem enorme rotação e, por degradação ou por se partir, está em constante produção e substituição, pelo que a adopção de nova loiça não significa novos custos”, justifica também a TAP.

O Estado destinou 1.200 milhões de euros para a TAP no Orçamento de Estado para 2021 (OE2021). A empresa deve esgotar por completo o total dessa ajuda estatal ainda neste ano face às dificuldades do sector da aviação.

No OE2021, está ainda inscrita a concessão de garantias de 500 milhões de euros para ajudar à liquidez da empresa.

Para aprovar as ajudas públicas à companhia de aviação, a União Europeia exigiu um plano de reestruturação da empresa que deve ser concluído até 10 de Dezembro. A saída de funcionários e a diminuição de rotas e de aviões são praticamente certas.

ZAP //

9 Comments

  1. Muito bom! O estado põe dinheiro na vista alegre para produzir a loiça e na tap para comprar a loiça à vista alegre. Ou seja pagamos duas vezes a mesma coisa.

  2. Ou seja, as empresas dos simples mortais que despeçam não terão direito a apoios, mas na TAP recebem quase 2 biliões (1,2b + 500m) para despedir pessoal, é isso?

    • 2 biliões?!!
      Recomendo o Ensino Básico para aprenderes a diferença entre mil milhões (ou a “tele-escola”)…
      E, que empresas não tem direito a apoios??

  3. Nunca me esquecerei do Sr. Fernando Ulrich, com a sua célebre declaração “Aí aguentam,aguentam !”…… É, o que face a estas (negociatas), o Povo português tem que ser privado do essencial !

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