Cientistas criaram um reator que aquece a água até temperaturas acima do seu ponto de ebulição, criando “água supercrítica”. As altas temperaturas asseguram a destruição dos químicos eternos.
Os “químicos eternos” são assim chamados por persistirem na água e no solo e não são inofensivos — podem causar problemas de saúde como o cancro e afetar a nossa fertilidade.
Um novo estudo publicado na Chemical Engineering Journal detalha a criação de uma nova técnica que destrói estes poluentes — especificamente PFOS e PFOA — através de um reator que desfaz os completamente usando “água supercrítica“, que se forma sob temperatura e pressão altas.
O método pode ser usado no tratamento de lixo industrial e na destruição dos químicos eternos que já estão a circular no ambiente.
De acordo com o autor principal do estudo, Igor Novosselov, o reator funciona porque aumenta a pressão, o que leva a que o ponto de ebulição da água aumente para além dos 100 graus normais.
“A certa altura, a água não fará a transição de líquido para vapor. Em vez disso, atingirá um ponto crítico em que chega a um estado diferente da matéria, chamado de fase supercrítica. Aqui a água não é um líquido ou um gás. É algo entre os dois”, explica ao SciTech Daily.
Isto cria um ambiente “quimicamente agressivo onde as moléculas orgânicas não podem sobreviver”. “Os produtos químicos que sobrevivem para sempre na água normal podem ser decompostos em água supercrítica a uma taxa muito alta. Estas moléculas recalcitrantes podem ser completamente destruídas, não deixando produtos intermediários e produzindo apenas substâncias inofensivas, como dióxido de carbono, água e sais de flúor”, relata o cientista.
O reator está dentro de um “tubo grosso de aço inoxidável” onde os cientistas controlam a temperatura para poderem entender quão quente este tem de estar para “destruir completamente o químico“.
A equipa já tem planos futuros sobre o que fazer com o reator. “Temos alguns próximos passos. Estamos a usar o reator para ver como ele destrói outros produtos químicos para sempre além de PFOS e PFOA”, explica.
“Também estamos a avaliar o quão bem essa tecnologia pode funcionar em cenários do mundo real. Provavelmente não podemos tratar todo o oceano desta forma, por exemplo. Mas poderíamos usar isto para tratar problemas existentes, como resíduos químicos permanentes em locais industriais”, acrescenta o especialista.
“A contaminação química eterna é um grande problema e não vai desaparecer. Estamos empolgados por trabalharmos nisso e colaborar com reguladores e grupos líderes na academia e na indústria para encontrar a solução”, remata.