“Estar na média da OCDE é pouco”. Os jovens portugueses têm menos contacto com produtos e atividades financeiras e é preciso melhorar, e “o que funcionar é para escalar“.O Governo vai introduzir a disciplina de Literacias na componente de formação comum como parte dos projetos-piloto de inovação pedagógica.
O Ministério da Educação anunciou a introdução de uma nova disciplina denominada “Literacias” no currículo do ensino secundário, especificamente nas escolas que participam dos novos “projetos-piloto de inovação pedagógica” (PPIP).
A literacia financeira vai ser lecionada enquanto disciplina em sete escolas que vão participar num projeto-piloto que será lançado no próximo ano letivo, anunciou o secretário de Estado Adjunto e da Educação esta quarta-feira.
“A literacia financeira já é obrigatória por via da educação para a cidadania. Existirá enquanto disciplina num projeto-piloto que vai ser lançado no próximo ano letivo”, revelou Alexandre Homem Cristo, precisando que estarão envolvidas sete escolas.
Segundo o secretário de Estado, ouvido em audição regimental na Assembleia da República, o projeto, no âmbito do segundo Projeto-Piloto de Inovação Pedagógica que será apresentado em breve, incidirá sobre o ensino secundário.
“Vamos poder, através deste piloto, perceber o impacto e a reação que os alunos têm à disciplina. O que funcionar é para escalar“, referiu Alexandre Homem Cristo, recordando que o tema já consta do currículo na disciplina de Cidadania e Desenvolvimento.
Durante a audição, na comissão parlamentar de Educação e Ciência, o secretário de Estado reconheceu a necessidade de melhorar o desempenho dos alunos ao nível da literacia financeira, confirmado pelos resultados divulgados recentemente pelo PISA 2022.
Nessa avaliação, os alunos portugueses obtiveram 494 pontos, numa escala de zero a 1.000, em linha com a média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), mas pioraram ligeiramente em relação à avaliação anterior, em 2018. Os resultados colocam Portugal em 9.º lugar numa lista de 20 países.
O próprio ministro da Educação, Ciência e Inovação já tinha afirmado que é preciso melhorar os conhecimentos dos alunos sobre literacia financeira, considerando que “estar na média da OCDE é pouco” e reconhecendo a importância das escolas e professores neste processo.
Por ocasião da divulgação dos resultados, no final de junho, Fernando Alexandre lembrou que está a decorrer um “processo de revisão das aprendizagens” e, nesse sentido, “a literacia financeira será reforçada”, até porque se os alunos “não estão tão mal” nas atitudes e comportamentos, o mesmo não se poderá dizer em relação aos conhecimentos, onde ainda existe “um enorme espaço para melhorar”.
O estudo da OCDE revelou que os jovens portugueses têm menos contacto com produtos e atividades financeiras – apenas 38% tinham conta bancária (a média da OCDE é 63%) e apenas 27% tinham cartão de débito ou crédito (contra 62% da OCDE) -, mas destacam-se quando toca a comparar preços.
A União Europeia quer colocar a educação financeira nas escolas desde o primeiro ciclo. Acredita que, desta forma, os cidadãos estarão mais capacitados a fazer escolhas financeiras mais informadas e seguras no futuro.
No estudo pedido pela presidência belga do Conselho da UE, os investigadores recomendam que todos os países da UE criem uma estratégia nacional de literacia financeira.
“É urgente pôr em prática estas estratégias […] e ajudar a colmatar as lacunas de género e outras lacunas de conhecimento entre os grupos vulneráveis e garantir que a educação financeira comece cedo e nas escolas“, adiantam.
Os PPIP foram inicialmente lançados em 2019, como parte de uma estratégia para promover o sucesso escolar. Estes projetos permitiram que 95 agrupamentos escolares oferecessem um ensino secundário mais flexível, permitindo aos alunos montar um curso personalizado e com disciplinas de diferentes cursos.
O novo Governo decidiu prolongar o programa, com algumas mudanças significativas.
Além da criação da nova disciplina, outra novidade importante é a introdução da área curricular “Projeto Pessoal” nas matrizes dos projectos de inovação pedagógica.
Esta área visa o aprofundamento dos conhecimentos, capacidades e competências dos alunos, conforme os documentos estratégicos estabelecidos pelo Governo anterior, como o Perfil dos Alunos, as Aprendizagens Essenciais e a Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania.
No final, os alunos terão de apresentar uma prova de aptidão pública (PAP), algo até agora reservado apenas para alunos do ensino profissional e artístico especializado.
Esses projectos-piloto de inovação pedagógica estarão em regime de experiência durante três anos, permitindo que as escolas adaptem e experimentem essas mudanças antes de uma possível implementação mais ampla.
ZAP // Lusa
sempre em mudanças vazias! Que tal fazer a mudança mais radical de todas e garantir que não faltem professores, que as aulas comecem as 8h30 e terminem as 17h00 sempre com atividades, que nos periodos de ferias as escolas estejam abertas e com atividades para acabar com o negocio dos atl e centros de explicações! Isso sim era inovar.
As escolas não podem ser vistas como simples depósitos de crianças, para facilitar a vida dos pais. Começar as aulas às 8h30m e terminar às 17h é claramente excessivo.
Está mais do que na altura de convergir para o modelo do passado, com muito menos tempo de aulas e dar oportunidade às crianças de serem crianças, preferencialmente bem longe da escola.
Existe mais vida para além da escola.
Que me desculpe o Ministro Fernando Alexandre por quem tenho consideração, mas a ideia de introduzir a disciplina de Literacia Financeira no Ensino Secundário, que não será a mesma coisa que nos primeiros anos de escolaridade, é encaminhar os jovens para estratégias que só servem o capital.
«O contacto com produtos e actividades financeiras» só interessa a quem pensa que enriquecerá através disso, e quem assim pensa parece-me que não pensa ou não pensa bem. Não ter «conta bancária» não é mal nenhum, pode até ser um privilégio não precisar dela. Aliás, tais contas, bem como os «cartões de débito e de crédito» interessam sobretudo às instituições bancárias que os emitem, através dos quais aumentam os seus lucros à custa dos descuidos dos seus clientes. Portanto, porquê tanta admiração pelo facto de, nesse âmbito, os jovens portugueses não acompanharem os de outros países? Não se destacam eles «quando toca a comparar preços»? E isso não é mais importante?
Penso que questões desta natureza devem ser colocadas à medida que forem oportunas e devem partir dos próprios pais ou de quem tem experiências adquiridas, positivas ou não, à custa do seu próprio esforço, que lhes permitem sugerir estratégias ponderadas, sem teorias impingidas a priori e supostamente estudadas pelo poder do capital.
E já agora, porque no desenvolvimento da notícia também é referida a disciplina de Educação para a Cidadania, tomo também a liberdade de expressar a opinião de que educar, ensinar e aprender não podem ir com receitas, muitas delas duvidosas, não pode ser formatar nem formatar-se, mas ser algo que também ajude a desenvolver a sensibilidade, a individualidade, a autonomia. Ao fim e ao cabo a liberdade de se ser cidadão inteiro.
Será que as disciplinas de Literacia Financeira e de Educação para a Cidadania a isso conduzem?
Apenas faltou referir que também deveriam estar em funcionamento aos sábados, domingos e feriados.
Ganhe juizo!
Sérgio O. de Sá referiu com exatidão tudo o que deverámos saber .Essa falta de literacia financeira que querem fazer desaparecer só vai servir o capital e os lucros da banca, que já não são pequenos. Quantos mais cartões de débito e de cr´rdito emitirem mais gaganham…e falam em começar até no Primário ???Quem está a pensar nestas leis deve ser confrontado
Maria Luísa Vilão Palma
Cara Maria Luísa, diga-me só se é a autora de LAIVOS DE AQUENTEJO.
Obrigado.
Sérgio O. Sá
Sérgio do Ó Sá, sou eu mesma a autora de Laivos de Áquem tejo
S´rgio do Ó Sá, já agora diga-me onde leu, tproduzi vários , sempre na imprensa local. Fiquei curiosa. Obrigaa
Olá Maria Luísa,
Há tempos, uma amigo chamou-me a atenção para um blog onde tinha lido um poema meu, precisamente dedicado a Catarina Eufémia. O CASTENDO era a designação desse blog. Logo que pude procurei essa página e lá estava ele – CHAMAVA-SE CATARINA – seguido de outros de autores vários. Um desses outros, em prosa, muito bonito, era assinado por Maria Luísa Vilão Palma.
O nome da autora ficou-me na memória, talvez pelo seu apelido PALMA que me fez lembrar de um antigo camarada na guerra em Angola nos anos de 1965, 66, 67 e 68, , militar esse que era alentejano.
Quando vi o seu comentário a concordar com o meu, logo o apelido PALMA me remeteu para aquelas lembranças e quis confirmar se estava certo ou se era mera coincidência de nomes. Pelos vistos acertei.
Desde já os parabéns pela sua homenagem à Catarina. Texto de que gosto bastante.
Se quiser escrever-me, não se acanhe. «[email protected]»
Bom fim de semana
Sérgio O. Sá
Procurei-o no facebook para trocar impressões, mas não consegui encontrá-lo. No livro do falecido camarada Casa Nova também tenho um texto `Catarina, não sei se será o mesmo
Maria Luísa, boa tarde.
Vá ao Google e escreva: O Castendo – Sérgio O. Sá, Luísa Vilão Palma. Depois clique e surge a indicação de diversos blogs, um deles é O Castendo com o título AFINAL O DINHEIRO NÃO DESAPARECEU. É aí que aparecem os nossos textos inseridos em comentários de António Carvalho que não sei quem é.
Agradeço ao ZAP por nos ter permitido esta troca de comunicações.
Bom fim de semana.
Sérgio O. Sá
Fiquei igualmente satisfeita com este inesperado encontro. Irei fazer como me indica. Obrigada e um bom domingo
Fiquei igualmente satisfeita por este encontro inesperado. Irei fazer como me indica. Obrigada e um bom domingo
Sérgio O. Sá, já encontrei o blog, ode de facto está um poema seu e a minha prosa. Sinto-me favorecida por figurar entre poetas ilustres com a minha prosa em homenagem a Catarina. Estou como o Sérgio, não conheço o Carvalho que procedeu a essa compilação de poemas em honra de Catarina. Eu vivia em Serpa, muito perto de Baleizão, era criança quando ouvi falar do caso. Com tudo isto foi um prazer te-lo conhecido, embora virtualmente. Saudações amigas