Nos anos 70, a IA já criava arte

Whitney Museum of American Art

Harold Cohen, Coming to a Lighter Place, 1988

Harold Cohen, criador do primeiro software de inteligência artificial no mundo das belas-artes, é homenageado em nova exposição no Whitney.

Sabia que a primeira arte gerada por IA remonta aos anos 1970?

Tudo aconteceu quando o pintor abstrato Harold Cohen, à procura de um novo desafio no final dos anos 1960, largou os pincéis para passar a pintar num ecrã.

O professor de arte na Universidade da Califórnia, em San Diego, pensou em como codificar processos de pensamento criativo e perceção visual num programa de computador. O resultado foi a criação do Aaron, o primeiro software de inteligência artificial no mundo das belas-artes que acabaria por se estrear em 1974 na Universidade da Califórnia.

Programado com objetos básicos, física e técnicas fundamentais de desenho, Aaron usava o conhecimento oferecido pelo pintor para seguir instruções, completar tarefas e imitar a tomada de decisão humana. A abordagem, embora possa parecer muito atual, é muito diferente dos programas contemporâneos de arte generativa, que não desenham do zero como o Aaron, mas sim a partir de outras imagens de bancos de dados.

Desde então, o trabalho do software tem estado presente em diversos museus como a Galeria Tate, em Londres, ou o Museu de Arte Moderna de São Francisco. Agora, num mundo cada vez mais dominado pela Inteligência Artificial, uma nova exposição Museu da Arte Americana Whitney, em Nova Iorque, destaca o visionário.

Até junho de 2024, a nova exposição oferece uma experiência em tempo real, na qual os visitantes podem ver o software a produzir arte, em duas versões do Aaron. Enquanto a versão de 2001 gera imagens de figuras e plantas, a de 2007 produz cenas semelhantes a uma selva. O software também criará arte fisicamente, em papel, pela primeira vez desde os anos 1990.

Versões de Aaron ainda geram saída atualmente, mas qualquer arte produzida após a morte de Cohen, em 2016, não é considerada autêntica, explica a Smithsonian.

Capaz de simular uma espécie de “criatividade” ao decidir as formas, cores e composições das suas obras, sem intervenção humana direta, Aaron faz-nos pensar sobre a natureza da criatividade: “uma máquina pode ser considerada criativa?

ZAP //

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