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Ninguém no Facebook sabe aquilo que é feito com os seus dados

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Alex Wong / Getty Images / AFP

Mark Zuckerberg, fundador e CEO da Meta

No julgamento do caso da Cambridge Analytica, dois engenheiros da Meta disseram que ninguém no Facebook sabe na totalidade aquilo que é feito com os seus dados.

O Facebook está longe de ter a melhor reputação no que toca a proteger os dados dos seus utilizadores.

Ainda recentemente, a empresa de Mark Zuckerberg chegou a um acordo preliminar no caso da Cambridge Analytica, por permitir a terceiros acesso aos dados privados de utilizadores.

Foi precisamente no julgamento deste processo que dois engenheiro de longa data da Meta — o novo nome da empresa do Facebook — foram questionados sobre como é que a empresa armazena e rastreia os dados dos utilizadores.

Os dois funcionários da empresas revelaram que ninguém na empresa consegue acompanhar todos os dados pessoais dos utilizadores, mostram documentos judiciais citados pelo The Intercept.

O especialista nomeado pelo tribunal perguntou quem é que no Facebook seria capaz de responder à pergunta: onde estão armazenadas todas as informações de um único utilizador.

“Não acredito que exista uma única pessoa que possa responder a essa pergunta. Seria necessário um esforço de equipa significativo para poder responder a essa questão”, disse Eugene Zarashaw, diretor de engenharia na Meta.

“Eu também concordaria que não há um único indivíduo que reconheceria tudo isso ou estaria familiarizado o suficiente com tudo isso”, corroborou o seu colega Steven Elia, gestor de engenharia de software há 11 anos no Facebook.

O processo teve início em 2018, quando utilizadores do Facebook acusaram a rede social de violar as regras de proteção da privacidade ao compartilhar seus dados com terceiros, incluindo a empresa Cambridge Analytica, ligada à campanha presidencial de Donald Trump em 2016.

A Cambridge Analytica — que interrompeu as atividades a partir desta data — recolheu e utilizou, sem consentimento, os dados pessoais de 87 milhões de utilizadores do Facebook através de um acesso concedido pela plataforma.

A informação obtida foi usada para desenvolver um software e influenciar os eleitores americanos a favor de Trump.

Daniel Costa, ZAP //

3 Comments

  1. Claro que sabem… os dados são vendidos e revendidos a preço de ouro. É toda uma economia só em volta da venda de dados.
    Se o serviço é gratis… o utilizador é o produto!

  2. Fala-se em proteção de dados e privacidade mas é tudo uma palhaçada e quem legisla pouco ou nada faz porque muitas das vezes nem sequer ter autoridade judicial sobre essas empresas. Como se atua por exemlplo em portugal contra uma empresa de direito chines que vende os seus serviços ou produtos online? simplesmente não se atua.

    Depois temos muitas das plataformas que só aceitam inscrição/subscrição se o utilizador der acesso a tudo e mais alguma coisa. Se não permite a partilha de dados muitas das vezes essas plataformas não permitem sequer o registo.

    Por ultimo temos a ignorância de uns e o aproveitamento de outros no uso das plataformas. Por exemplo uns/umas coitadinhas deixam cair na net fotos “explicitas” de forma a fazem-se publicitar porque senão ninguem se lembra deles e depois fazem-se de coitadinhos/as. outros são tão ignorantes que colocam a vida toda na net… estou de férias em Londres depois ài meu deus que me assaltaram a casa, fotos no WC e depois dizem que não tem privacidade, etc… pequenos exemplos.

    é obvio que isto, como em tudo na vida, tem sempre 2 lados. Se por um lado, por exemplo, as redes sociais permitiram aproximar familias e amigos por vezes distantes por outro lado passaram a permitir tudo e mais alguma coisa…
    compete a cada um gerir o melhor possivel a informação que coloca nas redes e a forma como a partilha

  3. A diferença aqui é que o produto a anunciar era de facto uma escolha democrática, minando com isso a democracia ou aquilo que ainda lhe restava

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