Sem perigos aparentes pelo caminho, a sonda New Horizons da NASA recebeu o sinal positivo para permanecer na trajetória ideal até Ultima Thule, à medida que se aproxima do “flyby”, dia 1 de janeiro, pelo objeto da Cintura de Kuiper situado a mais de mil milhões de quilómetros para lá de Plutão – a passagem rasante mais distante da história.
Depois de quase três semanas de buscas sensíveis por anéis, pequenas luas e outros potenciais riscos em torno do objeto, Alan Stern, o investigador principal da New Horizons, deu o “all clear” para a sonda permanecer no caminho que a leva a cerca de 3500 quilómetros de Ultima, em vez de um desvio evitando perigos que a teria empurrado para três vezes mais longe. Viajando a 50.700 km/h, uma partícula tão pequena quanto um grão de arroz seria letal para a sonda com o tamanho de um piano.
A equipa de observação de perigos, com uma dúzia de membros, tem usado a câmara telescópica mais poderosa da New Horizons, o instrumento LORRI (Long Range Reconnaissance Imager), para procurar possíveis perigos. A decisão de manter a New Horizons na sua trajetória original, ou de a desviar para um “flyby” mais distante, que teria produzido dados menos detalhados, teve que ser feita esta semana, uma vez que a última oportunidade de manobrar a sonda para outra trajetória era dia 18 de dezembro.
A New Horizons formou a sua equipa de vigilância de perigos em 2011 para preparar a passagem por Plutão, abordando as preocupações de que as recém-descobertas luas pequenas de Plutão pudessem espalhar detritos perigosos pelo percurso da sonda.
Uma pesquisa intensa não revelou nenhum risco potencial para a missão; a equipa optou pelo plano de voo original e a New Horizons realizou em julho de 2015, e em segurança, a sua exploração histórica do sistema de Plutão.
Este ano, a equipa de observação de perigos tem realizado análises semelhantes para a passagem por Ultima Thule, oficialmente designado 2014 MU69. Qualquer estrutura em forma de anel, refletindo apenas 0,5 milionésimos de luz solar que incidia sobre si, teria sido visível nas imagens, assim como quaisquer luas com mais de 3 km de diâmetro, mas a equipa não viu nenhuma. Os cientistas vão continuar a procurar anéis ou luas que estejam muito próximas de Ultima, mas esses objetos não representam um perigo.
“A nossa equipa sente-se como se estivesse a viajar com a nave, como se fôssemos marinheiros empoleirados no cesto da gávea de um navio, à procura de perigos,” comenta o líder da equipa de perigos, Mark Showalter, do Instituto SETI. “A equipa estava em completo consenso de que a sonda deveria permanecer na trajetória mais próxima, e a liderança da missão aceitou a nossa recomendação.”
“A sonda tem agora um percurso ideal, mais de três vezes mais próxima do que quando passou por Plutão,” acrescenta Stern. “Ultima, aqui vamos nós!”
A New Horizons fará a sua histórica aproximação a Ultima Thule às 05:33 de dia 1 de janeiro (hora portuguesa) – o primeiro “flyby” por um objeto da Cintura de Kuiper.
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