Nem à direita, à esquerda ou ao centro. Jorge Moreira da Silva quer fazer do PSD “um partido à frente”

oecd_development_centre / Flickr

Jorge Moreira da Silva

Antigo ministro recusou-se a deixar palavras críticas ao mandato de Rui Rio, mas também ao seu adversáro Luís Montenegro.

Jorge Moreira da Silva acredita que este é o momento certo para se candidatar à liderança do PSD, depois de seis anos na Organização da Cooperação para o Desenvolvimento, período no qual se absteve de intervir na vida interna do partido, sem que isso significasse uma ausência total do cenário político nacional. Esta opção, acredita, é uma vantagem face a Luís Montenegro, já que lhe permite afirmar-se como agregador do partido, quando outros não o fizeram.

Estas foram algumas das mensagens deixadas numa entrevista à TSF, na qual o antigo ministro do Ambiente também negou que as suas funções na OCDE tenham afetado servido de desculpa para não se pronunciar. “a verdade é que entrei várias vezes, quase no limite das possibilidades que tinha na OCDE e que me obrigavam a uma total independência da vida partidária, porque em vários momentos achei que não podia ficar calado. Não podia ficar calado quando afirmei divergências profundas, nomeadamente sobre qualquer tipo de ambiguidade no relacionamento com o Chega.”

Para além de se escusar a avançar com os nomes dos atores do partido que poderiam ter contribuído para a instabilidade do partido, nomeadamente se um deles seria Luís Montenegro, Jorge Moreira da Silva também optou por não tecer comentários relativos à liderança de Rui Rio. No primeiro caso, explicou que não iria “valorizar” a sua candidatura “a partir do demérito da candidatura de Luís Montenegro”. ” Essa não é a minha forma de fazer política, posso apenas falar por mim: nunca contribuí para a divisão no partido.”

No que respeita às reformas que pretende implementar no PSD, começou por explicar que é preciso acertar a linha programática com a história.

“O PSD teve três momentos de aprovação de programas doutrinários: a fundação, em 1974, em 1994 com Aníbal Cavaco Silva, e com Pedro Passos Coelho, em 2012. Não fizemos alterações profundas na nossa ideologia, no nosso programa, em cada ano ou em cada mandato de líderes do partido. Fazem-se essas alterações de forma muito limitada e quando a história determina que o façamos. E este é um momento histórico. Aquilo que aconteceu na última década obriga o PSD a atualizar-se.”

O caminho para a implementação desta estratégia será feito através de um processo “muito aberto a toda a sociedade para durante um ano o PSD ouvir eleitores, ouvir militabtes e redefinir as suas linhas programáticas. Recusa, ainda assim, que o partido tenha um problema de identidade. Para que o PSD volte a ser um partido de eleitores, considera que é preciso fazer duas coisas. A primeira consistem em “reposicionar-se ideologicamente como um partido que tem de abandonar a conversa do centro, da esquerda e da direita”.

“O PSD tem de ser um partido à frente, não tem de ser um partido que se posicione como centro, centro-esquerda, ou como direita, essa é uma conversa datada. Temos de ser o partido que agrega os reformistas, essa é a marca identitária do PSD, capacidade de reformar, de ousar, de ultrapassar obstáculos.”

A segunda, continuou, tem que ver com com a organização interna, uma vez que o candidato gostaria de ver um PSD que fosse conhecido como “o partido mais moderno de Portugal, que utiliza a inteligência artificial, que utiliza o big data, que tira partido das tecnologias digitais, que substitui a lógica meramente residencial pela lógica temática”.

ZAP //

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