Os neandertais já utilizavam palitos para remover restos de comida dos dentes há cerca de 46 mil anos, concluiu uma nova investigação internacional.
A equipa, liderada por Wioletta Nowaczewska, da Universidade de Breslávia, na Polónia, analisou dois dentes encontrados nas camadas do Pleistoceno da caverna de Stajnia, em Cracóvia, e encontrou marcas deixadas pela utilização de um palito.
“Parece que a dona do dente tinha cuidados de higiene oral“, começou por explicar Nowaczewska, citada pelo portal Heritage Daily, acrescentando que, “provavelmente, entre os dois últimos dentes, havia restos de comida que precisavam de ser removidos”.
A equipa encontrou os vestígios daquilo que acredita ser o “rastro” de um palito utilizado por este ancestral humano, mas não conseguiu precisar de que material era feito.
“Não sabemos de que era feito o palito – um pedaço de madeira, de osso ou uma espinha de peixe. [Mas] tinha de ser um objeto cilíndrico bastante rígido, que o indivíduo utilizava com frequência para deixar um rasto claro [no dente]”, continuou.
Os dentes analisados, que terão pertencido a duas pessoas de 20 e 30 anos, já foram recuperados em 2010 e preservados no Museu Arqueológico de Varsóvia, mas só agora é que foram analisados detalhadamente, recorrendo a análises 2D e 3D.
Os cientistas acreditam que as marcas encontradas num dos dentes representam uma evidência de que os nenadertais tinham cuidados de higiene oral. Dentes com sulcos semelhantes já tinham sido localizados noutros espaços, inclusive em Espanha, mas a nova investigação sugere que a prática era comum entre estes hominídeos.
Para determinar se os dentes encontrados pertenciam ao nosso ancestral imediato (Homo sapiens) ou a um parente fóssil (Homo neanderthalensis), os cientistas avaliaram várias características do dente, como a estrutura da coroa, a espessura do esmalte, o contorno da superfície da dentina e o microtrauma da superfície da coroa.
“O bom estado do pré-molar permitiu-nos fazer análises 2D e 3D sobre a espessura do esmalte, reconstrução digital, deslocamento virtual da capa do esmalte e avaliação da espessura do mesmo, que no neandertal é mais fino do que no Homo sapiens. Todas estas características combinadas apontam para os neandertais“, detalha a líder.
Os resultados da investigação foram recentemente publicados na revista científica especializada Journal of Human Evolution.