Navio naufragado há 340 anos pode mudar o que sabemos sobre a história do século XVII

Johan Danckerts / Wikimedia

O naufrágio do Gloucester em Yarmouth, 6 de maio de 1682, por Johan Danckerts.

A descoberta do Gloucester, um navio naufragado há 340 anos pode mudar o que sabemos sobre a história marítima do século XVII.

Um navio de guerra britânico afundou em 1682 enquanto carregava um futuro rei. A embarcação foi agora localizada no leste da Inglaterra.

O navio em causa é o Gloucester, que ficou meio enterrado no fundo do mar sem ser detetado até que os irmãos Julian e Lincoln Barnwell e James Little descobriram-no em 2007, após uma busca de quatro anos na costa de Norfolk.

O anúncio surge após 15 anos de trabalho secreto de verificação devido à necessidade de proteger os destroços de saqueadores, escreve o ScienceAlert.

O Gloucester representa um importante “quase momento” na história política britânica: um naufrágio real que quase causou a morte do herdeiro católico ao trono protestanteJames Stuart, duque de York e Albany — num momento de grande tensão política e religiosa.

“Por causa das circunstâncias do seu naufrágio, esta pode ser reivindicada como a descoberta marítima histórica mais significativa desde a elevação do Mary Rose em 1982″, disse Claire Jowitt, a co-curadora da exposição que vai colocar em montra achados do naufrágio.

“A descoberta promete mudar fundamentalmente a compreensão da história social, marítima e política do século XVII”, acrescentou, citada num comunicado da Universidade de East Anglia, em Inglaterra.

O navio afundou após uma disputa entre o futuro rei James II da Inglaterra, um ex-almirante, e o comandante, para controlar o curso do navio enquanto navegava pelos traiçoeiros bancos de areia de Norfolk.

O Gloucester foi comissionado em 1652 e, 30 anos mais tarde, foi selecionado para transportar James Stuart — que mais tarde se tornou rei de Inglaterra e rei da Irlanda como James II, e rei da Escócia como James VII — para Edimburgo para buscar a sua esposa grávida e as suas famílias.

O objetivo era trazê-los de volta à corte do rei Carlos II em Londres a tempo, esperava-se, do nascimento de um herdeiro legítimo.

Jowitt disse ainda que os investigadores vão tentar perceber quem mais morreu no naufrágio e contar as suas histórias, “já que as identidades de uma fração das vítimas são atualmente conhecidas”.

Dentro de uma hora o navio afundou com a perda de centenas de tripulantes e passageiros. O duque por pouco não morreu também, tendo atrasado o abandono do navio até ao último instante possível — tal como um verdadeiro capitão.

O administrador naval Samuel Pepys, que testemunhou eventos de outro navio da frota, descreveu a experiência angustiante para vítimas e sobreviventes, com alguns resgatados “meio mortos” da água.

Daniel Costa, ZAP //

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