Perdidos pelos oceanos, os naufrágios são os lares de enormes microbiomas marinhos

Um novo estudo analisou amostras de micróbios retiradas de placas madeira colocadas a várias distâncias de dois naufrágios no Golfo do México.

Estima-se que existam três milhões de naufrágios encalhados pelo mundo fora e que apenas 1% dos destroços tenham sido descobertos até agora.

Para além de serem valiosos para nós ao desvendarem segredos sobre as vidas das tripulações e das culturas a que estes marinheiros pertenciam, estes naufrágios são também importantes habitats para a vida marinha.

Num novo estudo publicado na Frontiers in Marine Science, uma equipa de cientistas debruçou-se sobre naufrágios de duas embarcações de madeira no Golfo do México, nos finais do século XIX — em busca da criaturas marinhas que tornaram os navios as suas novas casas.

Os investigadores colocaram placas de pinho e de carvalho a diferentes distâncias dos naufrágios, entre 0 e 200 metros, e retiraram amostras do microbioma. Após um período de quatro meses, as amostras revelaram resultados surpreendentes, relata o Interesting Engineering.

A composição mais diversa encontrou-se entre as amostras que estavam a cerca de 125 metros de distância dos naufrágios, e não nas placas que estavam mais perto dos navios, como seria de esperar. Para além da distância das embarcações, o tipo de madeira usado também teve um grande impacto na diversidade bacteriana, mas não já não foi tão influente em relação a outros organismos, como fungos.

“Este trabalho é o primeiro a mostrar que os habitats construídos (lugares ou coisas feitas ou modificadas por humanos) têm um impacto nas camadas de microbiomas que revestem estas superfícies. Estas biocamadas são aquilo que permite que habitats inóspitos se transformem em ilhas de biodiversidade”, revela a autora principal do estudo, Leila Hamdan.

A pesquisa concluiu assim que os naufrágios tiveram um papel essencial no aumento da riqueza e diversidade de micróbios nos sítios onde ocorreram e que influenciaram a sua formação e dispersão. A distribuição geral dos microbiomas mudou tendo em base a profundidade da água e a proximidade às fontes de nutrientes.

ZAP //

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