NATO tem novo líder. O que esperar de Mark Rutte?

roel1943 / Flickr

O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte

O secretário-geral da NATO, Mark Rutte

Mark Rutte tomou posse como secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO). O ex-primeiro-ministro dos Países Baixos, de 57 anos, sucede a Jens Stoltenberg, num cenário de grande instabilidade geopolítica.

Na primeira intervenção que fez enquanto secretário-geral da NATO, na manhã desta terça-feira, Mark Rutte definiu a sua prioridade para o início do mandato: “Assegurar que a NATO continua forte.” E como? Investindo na defesa.

O ex-primeiro-ministro dos Países Baixos sublinhou que para o cumprir esse objetivo são necessárias “mais forças, com mais capacidades e mais inovação”.

Numa altura em que o mundo atravessa uma fase de grande instabilidade geopolítica, nomeadamente devido às guerras na Ucrânia e Médio Oriente, Rutte disse que “para fazer mais precisamos de investir mais, não há uma análise custo-benefício que possa ser feita se queremos proteger as nossas pessoas“.

Neste arranque de mandato, Mark Rutte estabeleceu como prioridade, precisamente, “aproximar ainda mais a Ucrânia da NATO”, dando sequência à criação do Conselho NATO – Ucrânia, criado com esse propósito na cimeira de 2023.

Eleições nos EUA? Problema para outros

Mark Rutte rejeitou ainda estar preocupado com o resultado das eleições presidenciais norte-americanas, do próximo novembro, sublinhando que está preparado para trabalhar com Kamala Harris ou Donald Trump.

“Não estou preocupado [com o resultado das eleições nos Estados Unidos]. Conheço os dois candidatos muito bem e trabalhei com Donald Trump durante quatro anos [enquanto primeiro-ministro dos Países Baixos]”, disse o novo líder da NATO.

Imigração: Um tema sensível

Mark Rutte liderou o Governo holandês durante 14 anos – de outubro de 2010 a julho de 2024 – um recorde no país.

No meio de divergências internas (num Governo de coligação com quatro partidos) sobre o controlo da imigração, Rutte decidiu apresentar a demissão em 2023, mas ficou a “segurar” o Governo, durante quase mais um ano.

A situação ficou tensa quando em julho de 2023 Rutte apresentou uma proposta de limitação a 200 familiares de refugiados reunidos por mês e um período de espera de dois anos antes de poderem viajar para os Países Baixos.

Em 2022, centenas de requerentes de asilo foram forçados a dormir ao ar livre em condições miseráveis perto de um centro de receção lotado, já que o número de pessoas que chegavam aos Países Baixos superava as camas disponíveis, apesar da ajuda de agências de assistência locais.

Pouco mais de 21.500 pessoas de fora da Europa procuraram asilo nos Países Baixos em 2022, segundo dados estatísticos do país e dezenas de milhares mudaram-se para os Países Baixos para trabalhar e estudar. Os números pressionaram o mercado de habitação, que já era escasso num país densamente povoado.

Mark Rutte ainda prometeu que iria abandonar a política, mas a NATO chamou-o, num momento difícil. Para trás fica o “reinado” de Jens Stoltenberg, o norueguês que liderava a Organização desde 2014.

O mandato de Stoltenberg foi prolongado quatro vezes. A última delas há praticamente um ano, quando o dirigente norueguês (que já tinha dito que queria sair) aceitou continuar, até porque nem havia candidatos oficiais.

ZAP // Lusa

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.