Jens Stoltenberg aceitou continuar como secretário-geral. Está difícil encontrar um sucessor do norueguês.
A cimeira anual da NATO começou nesta terça-feira em Vilnius, capital da Letónia, e decorre até amanhã, quarta-feira.
António Costa é um dos 31 chefes de Estado e de Governo presentes – que não se têm de preocupar com o próximo secretário-geral.
Desde o início de 2023 que se vinha a falar sobre a possível saída de Jens Stoltenberg ainda neste ano – o próprio admitiu que queria sair. Mas o norueguês aceitou continuar no cargo até 2024.
O homem da “cabeça fria” em tempos de crise foi primeiro-ministro da Noruega e vai ficar na História como o líder da NATO quando a aliança passou por um dos períodos mais delicados de sempre: a guerra na Ucrânia.
Já deixou um conselho ao seu sucessor, ainda em Fevereiro: “Manter a Europa e a América do Norte unidas”.
E sucessor?
Mas continua a não aparecer qualquer nome forte – e oficial – na lista de sucessores.
Aliás, o seu mandato já deveria ter terminado há quase um ano, em Setembro de 2022; a guerra prolongou o mandato (duas vezes).
Não há consenso entre todos os Estados-membros em relação aos (alegados) candidatos.
Para já, como já referimos, nem há candidatos oficiais. Há rumores que apontam para o interesse de muitos líderes de Governo de países europeus e de Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia.
Mas os interesses políticos contraditórios e as preferências pessoais dificultam a escolha, destaca o canal Euronews.
Em princípio, será alguém europeu – enquanto o chefe militar é da América do Norte.
Mas a escolha de um novo secretário-geral “não é um processo competitivo, é um processo político“, comentou Bruno Lété, analista no centro de estudos German Marshall Fund of the US.
“É preciso ter em conta toda uma série de interesses dos Estados-membros, havendo corrida nos corredores diplomáticos para colocar as suas preferências de candidatos na primeira linha”, explicou o especialista.
Por exemplo, de França chega um entrave: o presidente Emmanuel Macron não quer um líder que venha da América. Porque quer reforçar a sua visão de “autonomia estratégica” do bloco menos dependente dos EUA para a sua segurança militar.
Depois, entra os EUA. Qualquer candidato deve ter o apoio do presidente dos EUA. Joe Biden, neste caso. Já houve um (alegado) veto de Biden a um aparente candidato: Ben Wallace, secretário de Estado da Defesa do Reino Unido.
Joe Biden terá uma preferida: a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen – que pode mesmo ser uma sucessora natural, caso não vença nas eleições europeias, quatro meses antes do fim do novo mandato.
No entanto, aqui surge novo problema: alguns Estados-membros da NATO estarão contra esta escolha porque von der Leyen não reúne consenso no seu passado enquanto ministra da Defesa na Alemanha (entre 2013 e 2019, no Governo de Angela Merkel).
Mas seria a primeira mulher a liderar a NATO – opção apoiada por outros Estados-membros da aliança do Atlântico Norte.
Neste contexto feminino, surgem mais dois nomes e mais uma divergência: Ingrida Šimonytė e Kaja Kallas, respectivamente primeira-ministra de Lituânia e Estónia, são também possíveis candidatas. Mas são do Leste – e isso pode aumentar as tensões com a Rússia, nesta fase.
Portanto, neste capítulo, a aliança não está muito aliada.
Metam lá o Jorge Jesus…