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NASA encontra (muita) água líquida na Grande Mancha Vermelha de Júpiter

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NASA / YouTube

Pela primeira vez, cientistas conseguiram medir o volume de água que se encontra dentro da Grande Mancha Vermelha de Júpiter e, desta forma, provar que as camadas baixas da atmosfera desse planeta estão repletas de água em estado líquido.

Os cientistas trabalham há séculos para compreender a composição de Júpiter, mas há uma questão em particular que tem intrigado os astrónomos durante gerações: será que existe água nas profundezas da atmosfera de Júpiter e, se existir, quanta?

Gordon L. Bjoraker, astrofísico do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt, no estado norte-americano de Maryland, relatou num recente artigo publicado na The Astronomical Journal que ele e a sua equipa aproximaram a comunidade de investigação joviana da resposta.

Ao observar com telescópios terrestres comprimentos de onda sensíveis à radiação térmica que escapa das profundezas da Grande Mancha Vermelha, detetaram as assinaturas químicas da água acima das nuvens mais profundas do planeta.

A pressão da água combinada com as medições de outro gás contendo oxigénio, o monóxido de carbono, implica que Júpiter tem 2 a 9 vezes mais oxigénio do que o Sol. Este achado suporta modelos teóricos e de computador que previram água abundante (H2O) em Júpiter composta por oxigénio (O) ligada ao hidrogénio molecular (H2).

A revelação foi emocionante, uma vez que a experiência da equipa podia ter falhado facilmente. A Grande Mancha Vermelha está repleta de nuvens densas, o que torna difícil a fuga de energia eletromagnética e difícil de ensinar aos astrónomos mais sobre a química interna.

“Acontece que não são espessas o suficiente para bloquear a nossa capacidade de ver as profundezas,” realça Bjoraker. “Foi uma surpresa agradável.”

As novas tecnologias espectroscópicas aliadas à curiosidade deram à equipa um impulso para investigar as profundezas de Júpiter. Os dados que Bjoraker e a sua equipa recolheram vão complementar a informação que a sonda Juno da NASA está a reunir enquanto orbita o planeta de norte a sul a cada 53 dias.

Entre outras coisas, a Juno está à procura de água com o seu próprio espectrómetro infravermelho e com um radiómetro de micro-ondas que pode estudar mais profundamente do que alguém já tentou – até 100 bares, ou 100 vezes a pressão atmosférica à superfície da Terra.

Se a Juno transmitir descobertas similares de água, apoiando, portanto, a técnica terrestre de Bjoraker, poderá abrir-se uma nova janela para resolver o problema da água, realçou Amy Simon, também de Goddard, especialista em atmosferas planetárias.

“Se funcionar, então talvez possamos aplicá-la noutros lugares, como Saturno, Úrano ou Neptuno, onde não temos uma Juno.”

A água é uma molécula importante e abundante no nosso Sistema Solar. Contribuiu para a formação da vida na Terra e agora lubrifica muitos dos seus processos mais essenciais, incluindo o clima. É também um fator crítico no clima turbulento de Júpiter e para determinar se o planeta tem um núcleo rochoso ou gelado.

// CCVAlg

7 Comments

  1. A pensar que quando andava na escola foi me ensinado que água ou oxigénio só mesmo no planeta terra e que todos os outros eram despromovidos de tudo essencial para a vida….

  2. O professor que lhe ensinou isso não era bem formado cientificamente, devia ser um padre. Eram, mais, aulas de religião e moral e outras tretas.

    • Não necessariamente padre ou mal formado cientificamente, depende apenas da época que estamos a falar. Numa época relativamente recente, 1915, Einstein não cria num universo em expansão, daí a introdução da sua “constante cosmológica”. Portanto para os anos 50 é natural que ainda não tivéssemos informação suficiente sobre a existência de oxigénio na atmosfera de outros planetas. Depende tudo apenas da época que estamos a falar!
      Quanto às aulas de Moral, portanto de religião e das tais “outras tretas”, depende do tipo de análise que se queira fazer. De qualquer modo havia uma parte muito positiva e importante que hoje falta na formação de qualquer indivíduo, jovem ou não: civismo. Naquela altura aprendíamos a rezar, é certo, mas também a respeitar o próximo, sobretudo as pessoa mais idosas. Hoje, infelizmente, não há respeito por ninguém e por nada. Nunca aprendi nas aulas de Moral a destruir ou maltratar o que quer que fosse. Portanto, meu caro Sr. José, depende da honestidade com que pretendemos fazer a nossa análise.

      • Adorei a sua lição, aqui dada a gente que não consegue ouvir a opinião dos outros, é mesquinhamente julga que tudo sabe, obrigado,Obeservador pela explicação.

      • Boa resposta, certeira e ponderada, apesar de eu não ser crente respeito também as crenças e opiniões dos outros sem reagir a tudo o que não concorde, com uma rajada de invectivas como se fosse um terrorista.
        Obrigado

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