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Quando mentimos, ficamos mesmo com “Nariz de Pinóquio”

The Wolf / Flickr

Não, o nariz não cresce quando mentimos. Ainda assim, uma equipa de investigadores voltou a testar o “efeito Pinóquio” e concluiu que o nariz muda de temperatura.

Afinal, a história do Pinóquio, escrita por Carlo Collodi, não é assim tão disparatada. Através da utilização da termografia, os investigadores têm vindo a observar que, quando uma pessoa mente, o seu nariz não cresce, mas muda de temperatura.

Uma equipa de investigadores espanhóis voltou a testar o “efeito Pinóquio” em laboratório e concluiu que a mentira faz com que a temperatura do nariz desça entre 0,6 e 1,2 graus Celsius. O artigo científico foi publicado no Journal of Investigative Psychology and Offender Profiling.

A termografia é uma técnica que se baseia na temperatura corporal, criada durante a Segunda Guerra Mundial para detetar o inimigo. Atualmente, além da equipa de Emilio Gómez Milán, da Universidade de Granada, há grupos de cientistas em Itália e nos Estados Unidos que procuram detetar mentiras através da termografia, mas com teorias diferentes e centradas em regiões da pele distintas.

Em relação a esta equipa espanhola, os resultados dos seus estudos ficaram conhecidos em 2012. A tese de doutoramento de Alejandro Moliné, supervisionada por Emilio Gómez Milán, adiantava que quando fazíamos um grande esforço mental, a temperatura do nariz descia. Mas e quando mentimos, o que acontece?

Para responder a esta questão, a equipa de investigadores desenvolveu um modelo, com algumas melhorias a nível da precisão, de forma a detetar as mudanças da temperatura da pele através de radiação infravermelha.

Segundo o Público, foram feitas quatro experiências com 60 estudantes de psicologia sobre os marcadores térmicos do medo, da ansiedade ou da mentira.

Nesta última experiência, numa das tarefas o grupo experimental tinha de fazer uma chamada telefónica de três ou quatro minutos para uma pessoa próxima e contar uma mentira, enquanto que os participantes do grupo de controlo fizeram um telefonema em que descreviam o que estavam a ver no ecrã de um computador.

“Em ambos os casos, as circunstâncias fizeram os participantes sentir-se ansiosos, mas o grupo experimental vivenciou o chamado ‘efeito de Pinóquio’ no nariz e o efeito do esforço mental na testa, o que permitiu monitorizar a mentira”, explica Emilio Gómez Milán num comunicado da Universidade de Granada.

“Quando mentimos, a temperatura da extremidade do nariz desce entre 0,6 e 1,2 graus Celsius, enquanto a da testa sobe entre 0,6 e 1,5 graus. Quanto maior for a diferença na temperatura entre as regiões faciais, maior será a probabilidade de a pessoa estar a mentir”, indica o investigador.

Isto acontece porque, quando alguém mente, fica-se mais ansioso, fazendo com que a temperatura do nariz se altere. Além disso, como tem de se planear a mentira, a atenção concentra-se na zona da testa, aumentando a temperatura dessa região.

A equipa gostava de ver este sistema aplicado em entrevistas da polícia, aeroportos ou campos de refugiados. “Desta forma, poderia ser possível detetar se um criminoso está a mentir ou saber as verdadeiras intenções das pessoas que atravessam a fronteira entre dois países”, conclui Emilio Gómez Milán.

ZAP //

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