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O nariz gelado do seu cão pode ser um detetor de calor à distância

O nariz canino é mais impressionante do que pensávamos, uma vez que tem a capacidade de detetar radiação infravermelha fraca à distância.

Uma investigação recente indica que os nariz dos cães detetam radiação infravermelha à distância. A equipa de cientistas levou a cabo várias experiências que demonstraram que os cães conseguem detetar este tipo de radiação graças ao rinário, a pele húmida e sem pêlos característica do seu nariz. Além de captar aromas, o nariz canino serve também como sensor de radiação térmica.

Graças a este valioso “instrumento”, os cães conseguem detetar calor de animais de sangue quente, a uma distância que pode ser muito útil durante a caça. O artigo científico foi publicado no ia 28 de fevereiro na Scientific Reports.

De acordo com os cientistas da Universidade de Lund, na Suécia, e da Universidade Eötvös Loránd, na Hungria, em vez de detetar calor por condução ou convecção, o rinário consegue detetar diretamente a radiação infravermelha fraca libertada por um corpo ou objeto quente através dos fotões.

Na verdade, a capacidade de sentir calor à distância pode não parecer assim tão impressionante: se um ser humano colocar a mão em cima de uma boca de um fogão certamente sentirá o calor quase de imediato. No entanto, segundo Anna Bálint, a diferença, neste caso, está relacionada com os diferentes mecanismos de transferência de calor: a condução térmica, a convecção térmica e a radiação térmica.

Na condução, o calor é transferido através do contacto direto entre dois objetos, enquanto na convecção o calor é transferido através de um meio, como um fluido ou um gás. No caso da radiação, o calor é transferido através de fotões e pode até acontecer no vácuo.

“A diferença aqui é que se trata de radiação térmica de intensidade muito baixa – ou radiação térmica fraca – porque a temperatura dos corpos dos mamíferos que a emitem não é muito alta, ao contrário do Sol, por exemplo”, explicou a cientista à Gizmodo.

Para o comprovar, os cientistas realizaram duas experiências. A primeira envolveu três cães treinados para detetar o calor que emana de um objeto, que media 102 milímetros de largura, com uma temperatura em torno de 11 a 13 ºC acima da temperatura ambiente. Um segundo objeto, que serviu de objeto controlo, tinha uma temperatura neutra igual à do ambiente.

Ambos os objetos foram colocados a 1,6 metros dos cães, que tinham como missão detetar o objeto mais quente à distância. Todos eles conseguiram, através da deteção dos estímulos de radiação térmica.

Na segunda experiência, os investigadores fizeram uma ressonância magnética a 13 cães enquanto os expunham a objetos semelhantes – isto é, um quente e outro à temperatura ambiente. Os exames revelaram que, quando expostos ao objeto quente, o córtex somatossensorial esquerdo “acendia”, apontando para uma resposta neural aumentada ao estímulo térmico mais quente.

Isto significa que há uma determinada região cerebral, nomeadamente no córtex, que é mais sensível a um objeto quente. De acordo com os cientistas, o rinário foi considerado o órgão mais provável responsável por esta habilidade, já que nenhuma outra parte da anatomia canina era considerada capaz do feito.

Da próxima vez que o seu cão tocar com o nariz húmido no seu rosto, talvez se lembre que tem um detetor de calor muito perto de si.

LM, ZAP //

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