A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos manifestou, esta terça-feira, a sua preocupação face ao aumento das hostilidades entre o Azerbaijão e os separatistas arménios no enclave de Nagorno-Karabakh, instando as partes a declararem um “cessar-fogo imediato”.
“Estou consternada com as informações sobre mortos e civis feridos, bem como sobre a destruição de bens e infraestruturas”, declarou a ex-Presidente chilena Michelle Bachelet, que foi designada Alta Comissária para os Direitos Humanos em 2018, em declarações citadas pelas agências internacionais.
Bachelet também apelou para que todas as partes “respeitem tanto a lei internacional dos Direitos Humanos como o Direito Internacional Humanitário e, em particular, a proteção da população civil e das pessoas não envolvidas no combate”.
Também o secretário de estado norte-americano, Mike Pompeo, apelou ao Azerbaijão e aos separatistas arménios em conflito no Nagorno-Karabakh para porem “fim à violência” e iniciarem negociações o mais rapidamente possível.
“As duas partes devem pôr fim à violência e trabalhar com o ‘Grupo de Minsk’ (…) no sentido de iniciarem negociações o mais rapidamente possível”, disse o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, no segundo dia de uma visita oficial à Grécia.
A chanceler alemã, Angela Merkel, também pediu “um cessar-fogo imediato” na região e sublinhou que “é urgente um regresso à mesa de negociações” em duas conversas telefónicas separadas com os líderes do Azerbaijão e da Arménia.
Confrontos mantêm-se desde domingo
A Arménia afirmou, esta terça-feira, que a Turquia abateu um dos seus aviões militares. “Um avião SU-25 arménio foi abatido por um F-16 turco vindo do território do Azerbaijão”, afirmou a porta-voz do Ministério da Defesa da Arménia, Chuchan Stepanian, numa mensagem através do Facebook, especificando que o piloto arménio do aparelho “morreu como um herói”.
No entanto, a Turquia respondeu de imediato, negando ter abatido o avião. “A alegação de que a Turquia abateu um caça arménio é absolutamente falsa“, afirmou o diretor de comunicações da Presidência turca, Fahrettin Altun.
Desde domingo que as forças do enclave separatista, apoiado politicamente, economicamente e militarmente pela Arménia, um país de religião cristã ortodoxa, e as do Azerbaijão se confrontam nos combates mais sangrentos desde 2016. No centro das deterioradas relações entre Erevan e Baku encontra-se a região do Nagorno-Karabakh.
Integrada em 1921 no Azerbaijão pelas autoridades soviéticas, a região proclamou unilateralmente a independência em 1991, com o apoio da Arménia.
Na sequência da uma guerra que provocou 30 mil mortos e centenas de milhares de refugiados, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite uma mediação russo-norte-americana-francesa designada Grupo de Minsk. No entanto, as escaramuças armadas permaneceram frequentes.
Em julho deste ano, os dois países envolveram-se em confrontos a uma escala mais reduzida que provocaram cerca de 20 mortos.
Os combates recentes mais significativos remontam a abril de 2016, com um balanço de 110 mortos.
O regresso do conflito armado a esta região separatista arménia do Nagorno-Karabakh está a suscitar receios sobre uma guerra em larga escala entre a Arménia e o Azerbaijão no Cáucaso do sul, onde Ancara e Moscovo disputam zonas de influência.
ZAP // Lusa