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“Nada nos vai fazer recuar”. Macron desperta a raiva do mundo muçulmano (e enfurece Erdogan)

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Francois Mori / POOL / EPA

Emanuel Macron em homenagem a Samuel Paty, professor assassinado numa escola em França

Emmanuel Macron, presidente de França, assumiu posições muito claras na defesa da liberdade de exibir as caricaturas de Maomé, no âmbito da homenagem ao professor decapitado na semana passada, suscitando protestos em vários países muçulmanos.

“Nada nos vai fazer recuar.” É desta forma firme, como nunca se tinha visto antes, que Macron assume a defesa da liberdade de exibir as caricaturas de Maomé no âmbito da homenagem ao professor Samuel Paty que foi decapitado na semana passada, após ter mostrado os desenhos durante uma aula.

O presidente francês prometeu “não renunciar” às caricaturas, o que despoletou a raiva de alguns dirigentes políticos e religiosos muçulmanos. As manifestações contra a França e contra Macron têm-se sucedido e há até quem apele ao boicote a produtos franceses.

Enquanto isso, pelo Twitter, Macron reforça a sua defesa da liberdade. “A nossa história é a da luta contra a tirania e os fanatismos. Continuaremos”, escreve naquela rede social.

“A liberdade, nós a apreciamos; a igualdade, nós a garantimos; a fraternidade, nós a vivemos com intensidade. Nada nos fará recuar, nunca“, acrescenta Macron numa publicação que traduziu para Árabe e Inglês.

Respeitamos todas as diferenças num espírito de paz. Não aceitamos nunca os discursos de ódio e defendemos o debate razoável”, apontou ainda depois de, no discurso de homenagem a Samuel Paty, ter afirmado que a sua morte tinha sido resultado do “terrorismo islâmico”.

As palavras de Macron vieram aumentar a tensão entre a França e a Turquia.

Na semana passada, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, já se tinha atirado a Macron a propósito de um projecto de lei que o Governo francês está a preparar sobre o Islamismo, visando, entre outras coisas, a formação dos imãs locais para evitar que o radicalismo seja ensinado nas mesquitas em França.

Agora, Erdogan põe em causa a “saúde mental” do presidente francês, salientando que Macron tem “um problema com os muçulmanos e com o Islão” e que deve “fazer exames médicos”.

“Ele está obcedado por Erdogan, dia e noite”, atirou ainda o líder turco.

Já o director de comunicação de Erdogan, Fahrettin Altun, afirmou que as “caricaturas ofensivas” foram utilizadas para intimidar os muçulmanos na Europa a pretexto da liberdade de expressão.

“Acto sem precedentes nas relações franco-turcas”

Entretanto, o Eliseu já chamou a Paris o Embaixador de França na Turquia para “uma consulta”, conforme refere o Le Monde, notando que é “um acto sem precedentes nas relações diplomáticas franco-turcas”.

A presidência francesa, de acordo com o jornal francês, quer “enviar um sinal forte” perante o “exagero e a grosseria” de Erdogan, exigindo ao presidente turco que “mude o rumo da sua política porque ela é perigosa sob todos os pontos de vista”.

O Le Monde conclui que a fúria de Erdogan se justifica pelo facto de Macron estar a contrariar “a política de influência da Turquia através da religião“, designadamente com as novas propostas que estão a ser planeadas para o Islamismo no país.

Apelo ao boicote a produtos franceses

Mas as declarações de Macron também estão a fazer mossa noutros países muçulmanos, como a Algéria, onde o líder do partido islâmico apelou ao boicote aos produtos franceses e pediu uma audiência com o Embaixador de França.

Em Marrocos, o partido de centro-direita Istiqlal falou dos “desenhos insultuosos para com o Profeta” e criticou as “declarações estigmatizantes do Islão que afectam o sentimento religioso comum dos muçulmanos do mundo, em primeiro lugar dos que estão em França”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Marrocos também condenou “veementemente a publicação posterior das caricaturas ultrajantes para com o Islão e o Profeta”, falando em “actos que reflectem a imaturidade dos seus autores” e considerando que “a liberdade de uns termina onde começa a liberdade e a crença dos outros”.

Em países como Líbia, Síria, Jordânia e Líbano, ou ainda na Faixa de Gaza houve manifestações com bandeiras francesas e retratos de Macron queimados.

E no Iraque, a facção pró-Irão Rabaa Allah assumiu que está pronta para “responder” à posição de Macron contra o que chamou “um insulto a um bilião e meio de pessoas”.

Já o primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, acusou Macron de “atacar o Islão” e de “criar polarização e marginalização adicionais que inevitavelmente levam à radicalização”.

Dono do PSG quer pedido de desculpas de Macron

Por seu turno, o proprietário do Paris Saint-Germain e presidente do Málaga, o xeque Tamim ben Hamad Al-Thani, da família real do Qatar, exige um pedido de desculpas de Macron a todos os muçulmanos.

“Se não houver desculpas oficiais para todos os países muçulmanos em relação ao discurso de racismo, incitamento de ódio e recomendação de actos ofensivos à mensagem de Alá, então arcará com as consequências“, escreveu Al-Thani no Twitter, a par de uma publicação onde insinua que Macron foi “o discípulo impuro” da companheira Brigitte que é vários anos mais velha do que ele.

Enquanto isso, um site árabe anunciou que Paul Pogba vai deixar de representar a Selecção Francesa por causa das declarações de Macron sobre o Islão. Pogba é muçulmano, mas a informação do site será falsa.

ZAP //

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4 Comments

  1. Titulo totalmente errado !!!!!…………… A “raiva” do Mundo Muçulmano, essencialmente de Muçulmanos integristas, não precisou de Macron como bode expiatório para os crimes cometidos por estes terroristas. Os Países Europeus, pecaram por excesso de tolerância, permitindo que en seu solo, núcleos de propaganda do E.I, destilem o ódio por o Ocidente. Há Muçulmanos “Humanos” e civilizados?……..claro que há, como se pode constatar na nossa Sociedade, a França , não soube lidar com a sua Imigração permitindo autênticos (Guetos) que favoreceram a marginalização. Actualmente a Europa é o alvo por excelência de facções terroristas Islâmicas, agindo efectivamente como “cães raivosos”. Não esquecer que ser Cristão em Países do Médio Oriente, é tolerância Zero que pode conduzir a prisão e mesmo a execução física !

    • Os Europeus e os EUA uma mentalidade muito parecida. Gostam de colonizar os outros e usurpuram as riquezas. Manipulam os outros paises controlando a economia, as riquezas, criando desestabilizacao e desgraca. E depois agem como acolhedores, liberais e humilham os estangeiros dos paises por eles explorados. O tal NEOCOLONIALISMO: Ou fazes o que eu digo ou te destruirei. Controlam os media fazendo lavagem cerebral e dizem que é liberdade de expressao. Ha q te repensar em que situacao esta o mundo atualmente. Onde o certo é errado e o errado é certo.

      • Ainda bem que os outros não usurpuram as riquezas dos seus países nem humilham os seus próprios povos!…
        Os ditadores árabes (como esse alucinado chamado Erdogan) são um bom exemplo disso mesmo!
        Aos poucos está a destruir/radicalizar a Turquia – que até era um país relativamente civilizado…

  2. Mais um vez, temos as religiões a fazer estragos na sociedade!…
    É mais do que óbvio que, no Sec XXI, estas tretas da Idade Média só servem para arranjar problemas…
    Por isso já é normal ver que os alucinados que acreditam em seres misticos e em virgens no paraíso não dizem uma palavra sobre o bárbaro assassinato do professor, mas vieram a correr fazer birra pelas palavras do Macron…
    A culpa é principalmente da França porque, além de lhes ter dado tudo de mão beijada, ainda os deixou abusar impurente da liberdade – o resultado está à vista!!
    Esse animal que esta à frente da Turquia não é flor que se cheire e é urgente a Europa (e a Nato) o ponham no seu lugar!!

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