As empresas de bebidas utilizam frequentemente códigos QR em latas e garrafas para que os consumidores possam ter acesso a mais informação nutricional e de fabrico.
Imran Noshad Khan caminhava numa estrada movimentada na cidade de Karachi, no Paquistão, quando se apercebeu de uma multidão a rodear um camião da Pepsi, na véspera do Ano Novo.
Dois homens discutiam na berma da estrada, sendo que um deles apontava para o código QR numa garrafa de 7Up, um refrigerante distribuído pela Pepsi.
“Um deles estava a dizer [ao camionista]: ‘Isto tem o nome do Profeta Maomé. Vou atear fogo ao teu camião. Vou matar-te se não resolveres isto”, contou Khan à VICE.
O homem, que se identificou como Mullah, pediu a Khan para gravar um vídeo. Nele, é possível ver que as várias tentativas de Khan para esclarecer que a inscrição é, na verdade, um código QR, foram em vão.
Lack of awareness. I spotted this Ashiq e Rasool he was threatening this poor truck driver on University Road and the Mob was gathering and threatening to burn the truck. The truck belongs to a well known Beverage brand I tried to explain to him that this is a QR code 1/2 pic.twitter.com/RnLS71Bf3M
— Imran Noshad Khan – عمران نوشاد خان (@ImranNoshad) December 31, 2021
“Solicito à empresa que elimine esta marca. Ficarei grato se o fizerem, mas se não o fizerem, haverá uma grande guerra. Deitar-nos-emos em frente a este camião e incendiá-lo-emos”, ameaçou Mullah, avisando que se a sua exigência não fosse atendida dentro de dois ou três dias, incendiaria qualquer camião da empresa com que se deparasse.
No Paquistão, a blasfémia é um crime punível com morte, e até mesmo a aparência de blasfémia ou qualquer conteúdo interpretado como ofensivo ao Islão pode desencadear ataques liderados pela máfia.
A situação, que parece caricata mas pode ter contornos graves, começou a assustar Khan, que se arrependeu de se ter metido na discussão.
Quando começou a abandonar o local, Mullah disse-lhe que fazia parte do grupo extremista Jammat-ud-Dawa e que tinha “lutado em Caxemira”, insinuando que o assunto não acabaria ali.
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