Uma mulher terá tentado raptar um bebé recém-nascido no Serviço de Obstetrícia do Hospital de São João, no Porto. O Hospital vai abrir um inquérito.
Segundo o Jornal de Notícias, a tentativa de rapto terá acontecido por volta das 19 horas deste sábado, e foi travada pela família do bebé recém-nascido, apesar de a mulher estar, alegadamente, disfarçada de médica.
Os familiares da menina recém-nascida viram a suspeita com o bebé nos braços e tentaram saber para onde é que o levava. A incapacidade de dar uma resposta fez desconfiar que algo de errado se passava, apesar de a família não ter percebido de imediato que não se tratava de uma profissional do Hospital de São João.
Contactada pela Lusa, uma fonte do Comando Metropolitano da PSP do Porto adiantou que a mulher, de 48 anos, entrou no quarto onde estava o bebé e familiares.
A mesma fonte diz, porém, que a mulher apenas “chegou a pegar na criança ao colo”, mas o pai estranhou a situação e decidiu chamar a polícia às 19h22 de sábado, tendo a suspeita acabado por ficar detida.
Depois de vários casos de tentativas de raptos nas maternidades, os hospitais têm implementado medidas de segurança. No caso do Hospital de São João, os acessos do exterior são eletrónicos e feitos com cartão. Só os médicos, enfermeiros ou auxiliares que pertencem ao serviço podem entrar e até os pais e familiares precisam de ser indicados e identificados.
O problema é que as portas podem ser abertas por dentro com recurso a um interruptor, o que terá sido o caso, aparentemente. Uma das visitas no serviço, pensando que se tratava de um profissional de saúde do hospital, abriu a porta à mulher de bata.
Os agentes de segurança e da PSP que se encontravam na zona das Urgências foram chamados e a suspeita levada para a esquadra do Bom Pastor.
O Hospital de São João, no Porto, já adiantou que vai abrir um inquérito interno para “esclarecimento completo” da tentativa de rapto de um recém-nascido na maternidade daquela unidade. “O hospital vai abrir um inquérito interno para esclarecimento completo da ocorrência”, disse fonte oficial do hospital, que se escusou a avançar com mais detalhes.
A mulher permanece detida devido à “gravidade da situação”, disse fonte da PSP. Deverá ser presente a tribunal, para primeiro interrogatório, esta segunda-feira de manhã.
“Disse que era muito linda e perguntou se lhe podia pegar”
Ao Jornal de Notícias, a avó da criança contou que foi ela que passou a recém-nascida para os braços da alegada raptora. “Disse que era muito linda e perguntou se lhe podia pegar. Eu, como achava que a minha nora a conhecia, deixei.”
A mulher, que se fazia passar por médica, foi intercetada pelo pai da criança que lhe retirou o bebé dos braços, impedindo o rapto. No momento em que foi confrontada pelo pai, afirmou ser médica do hospital, mas o pai não acreditou. Desconfiado, depressa chamou um funcionário que confirmou que a mulher não trabalhava naquele hospital.
A mulher acabou por ser retida à chegada da PSP e será, na manhã desta segunda-feira, presente a tribunal para responder pelos crimes de “usurpação de funções, tentativa de rapto/sequestro, introdução em lugar vedado ao público“.
A mulher está detida na PSP e a investigação está a ser conduzida pela Divisão de Investigação Criminal daquela força de segurança.
A falsa médica tem 48 anos, reside em Vila Nova de Gaia e está desempregada, adianta o Diário de Notícias. Na sua mão foi encontrado um cartão de técnica socorrista, emitido em 2016, que poderá ter facilitado a sua entrada no Hospital de São João. A motivação da mulher, que não tem antecedentes criminais, é para já desconhecida.
No entanto, quando foi ouvida pela PSP, apesar de ter sido parca em palavras, admitiu em jeito de desabafo que “queria um menino ou uma menina”. Esta confissão, segundo o Jornal de Notícias, dá força à tese de que a mulher vigiou o hospital nos dias anteriores para preparar a melhor altura para o rapto.
Como conseguiu entrar numa zona de acesso restrito?
De acordo com o Observador, há duas teorias acerca da forma como a falsa médica conseguiu entrar na zona restrita de acesso aos quartos onde as mães estão com os recém-nascidos. Mas ambas coincidem num ponto: o elemento fundamental foi a bata branca que vestia, fazendo-se passar por profissional de saúde.
No entanto, continua por apurar se a suspeita teve acesso a um livre-passe que permite abrir as portas das áreas restritas ou se alguém, pela parte de dentro, lhas abriu.
A polícia admite que tenha sido um outro visitante, estando na parte de dentro, a abrir a porta à suspeita – o que não seria estranho, nem significa que havia um cúmplice, já que, do outro lado do vidro, estaria, aparentemente, uma suposta médica ou enfermeira.
ZAP // Lusa
Cadeia para a infractora e segurança para o Hospital!
O instinto de proteção que funcionou foi o do pai.