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Cientistas descobrem novo movimento em espécie de cobra (o que a torna ainda mais perigosa)

Uma equipa de investigadores da Colorado State University e da University of Cincinnati descobriu um novo modo de locomoção da cobra arbórea castanha, que permite que esta suba cilindros muito mais altos do que seria expectável.

As cobras arbóreas castanhas conseguiram extinguir cinco sextos das espécies de pássaros de Guam. Se chegarem a outras ilhas do Pacífico teme-se que possam desencadear uma situação semelhante. Parte da eficácia mortal dessas cobras reside numa forma de movimento nunca antes vista que lhes permite escalar a sítios onde outras cobras não conseguem chegar.

Estas cobras compensam a falta de pernas com quatro formas de locomoção, conhecidas como modos retilíneo, ondulação lateral, sidewinding e concertina, documentados há quase cem anos. Agora, a professora Julie Savidge, observou outra, à qual chamou de “locomoção do laço”.

Savidge e a sua equipa estão a trabalhar para preservar os estorninhos da Micronésia, uma das duas únicas espécies de pássaros que sobreviveram à destruição que a cobra causou em Guam. “O estorninho tem uma função ecológica importante ao dispersar frutas e sementes que podem ajudar a manter as florestas de Guam”, explicou a professora num comunicado.

A equipa está a construir caixas de pássaros resistentes a cobras, mas descobriram que este réptil consegue chegar a lugares inesperados. Vídeos noturnos revelaram a metade posterior da cobra enrolada numa árvore ou poste, enquanto a frente se estende para cima, como um laço reverso.

Segundo o IFL Science, ao fazer pequenas curvas dentro do laço, a cobra arbórea – Boiga irregularis – pode escalar cilindros muito largos.

“Entender o que as cobras arbóreas podem e não podem escalar tem implicações diretas no desenho de barreiras para reduzir a dispersão e alguns dos efeitos desta espécie altamente invasiva”, afirmou o co-autor, Bruce Jayne, professor na Universidade de Cincinnati.

Os investigadores estão ansiosos por usar o seu recente conhecimento para projetar um espaço que vá além da capacidade da cobra. O novo método pode não apenas salvar o estorninho, como pode permitir a reintrodução de algumas das espécies de pássaros perdidos de Guam em ilhas livres de cobras.

Outra preocupação dos biólogos é descobrir se estas cobras são as únicas a usar o método “locomoção em laço”, ou se outros membros da família podem fazer o mesmo.

Algumas pesquisas mais recentes mostraram que, embora o seu veneno seja cem vezes mais letal para as aves do que para os mamíferos, estas cobras também representam um risco para as populações das ilhas.

O estudo foi recentemente publicado na Currrent Biology.

Ana Moura, ZAP //

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