Mourinho acusado de racismo na Turquia. Liga suspende-o até abril

Tamas Kovacs/EPA

O português José Mourinho, atual treinador do Fenerbahçe

Mourinho disse que o banco do Galatasaray “saltou como macacos”. Isto foi a gota de água para os turcos, que dizem sentir-se desrespeitados desde que o português chegou ao país. Drogba garante que o “pai” não é racista.

José Mourinho volta a estar debaixo de fogo na Turquia. Em novembro, o técnico português foi multado suspenso por ter dito que os árbitros o prejudicavam e que sentia que estava a lutar contra “o sistema”.

O treinador do Fenerbahçe tem sido, desde então, sucessivamente acusado de ter um discurso racista contra os turcos, nomeadamente árbitros e Liga de futebol.

O caso mais recente aconteceu esta segunda-feira, após o empate sem golos, entre o Fenerbahçe e o rival Galatasaray, arbitrado, curiosamente, por um estrangeiro (Slavko Vinčić, da Eslovénia)

Na conferência de imprensa, Mourinho elogiou Slavko Vinčić por um “desempenho de topo”, e disse que preferia ter sempre árbitros estrangeiros em vez de turcos.

Isto porque, no final do jogo, Mourinho foi cumprimentar Vinčić; e quando abordou o quarto-árbitro (turco) disse-lhe: “se fosses tu o árbitro, seria um desastre”.

Justificando estas palavras, o português exemplificou que, quando o árbitro tomava uma decisão acertada, “o banco do Galatasaray saltava como macacos”.

Na sequência destas declarações, o Galatasaray apresentou uma queixa contra Mourinho por racismo – não concretamente pela expressão “macacos”, mas sim pelo  “padrão constante de termos depreciativos quando se refere ao povo turco”.

O rival do Fenerbahçe justificou a queixa, argumentando que o discurso desta segunda-feira “ultrapassou meros comentários imorais”.

Mourinho volta em abril

Na sequência destes acontecimentos, Mourinho foi castigado por quatro jogos pelo Comité Desportivo turco (dois pelas declarações sobre o Galatasaray e outros dois pelo incidente com o quarto-árbitro); e só poderá voltar a estar no banco em meados de abril.

O Galatasaray declarou que iria também apresentar uma queixa junto da FIFA e da UEFA, para acusar Mourinho de fazer persistentemente “declarações depreciativas dirigidas ao povo turco”.

O Fenerbahçe rejeitou as acusações, dizendo que os comentários de Mourinho foram “deliberadamente retiradas do contexto e distorcidas de forma enganosa”.

“Mourinho apenas pretendia descrever a reação excessiva da equipa técnica do clube adversário às decisões do árbitro, durante o jogo. Estas observações não podem, em caso algum, ser associadas ao racismo”, escreveu o clube nas redes sociais.

Ex-jogadores defendem Mourinho

Nos últimos dias foram vários os jogadores e ex-jogadores de Mourinho que vieram a público defender o seu treinador.

O principal destaque é o ídolo do Galatasaray Didider Drogba. Numa publicação na rede social X, o ex-internacional costa-marfinense defendeu o seu “pai”.

“Sabem o orgulho que senti por vestir a camisola amarela e vermelha [Galatasaray] e o meu amor pelo clube com mais títulos da Turquia. Vi os comentários recentes sobre José Mourinho. Acreditem em mim quando vos digo que conheço o José há 25 anos e que ele não é racista“, disse Drogba, que foi um dos jogadores mais importantes de Mourinho, no Chelsea.

“A história (passada e recente) está aí para o provar. Concentremo-nos nos nossos jogos, apoiemos os nosso brilhantes leões e ganhemos a Liga para nos aproximarmos das cinco estrelas. Como é que o meu ‘pai’ poderia ser racista? Vamos lá…”, questionou o antigo avançado.

Michael Essien, que Mourinho levou para o Chelsea e Real Madrid, foi outro dos jogadores a defender o treinador português, com uma simples foto que também inclui Didier Drogba.


ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.