O Ministério Publico (MP) abriu um inquérito para apurar as causas da morte do bebé de oito dias que morreu em Portalegre, alegadamente por falta de socorro médico. O Hospital local também está a investigar o caso.
O socorro para o recém-nascido foi pedido pelo pai da criança devido a dificuldades respiratórias.
Os Bombeiros Voluntários de Portalegre foram chamados para assistir o caso pelas 09:33 horas depois de o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) ter dito que a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do hospital de Portalegre “não estava operacional”, conforme anunciou a revista Sábado.
A Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA), responsável pelo hospital de Portalegre, já revelou ter instaurado um inquérito para apurar “todas as circunstâncias” em que o bebé morreu.
A VMER não terá prestado socorro ao bebé porque não havia nenhum médico escalado para o horário entre “entre as 09:00 e as 15:40”, conforme avançou aos jornalistas a directora clínica da ULSNA, Vera Escoto.
O Expresso apurou, contudo, que “o hospital tinha menos profissionais de serviço do que os que constavam na escala: apenas um pediatra estava na altura, embora constassem dois”.
Uma fonte médica ouvida pelo semanário também nota que pode ter havido “negligência no Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) e bombeiros”, uma vez que deveria ter sido accionada “uma VMER próxima”.
Há “buracos nas escalas” em várias zonas do país
Vera Escoto lembrou o “período pandémico” que vivemos, notando que “os médicos têm várias solicitações” e que, por isso, “pontualmente, houve a falha neste período”, assegurando que “raramente” a VMER de Portalegre está inoperacional.
Mas, “quando não se consegue, porque acontece um imprevisto e dentro da nossa casa [hospital] não conseguimos colocar alguém, poderá ficar a descoberto“, admitiu.
Contudo, o Correio da Manhã (CM) assegura que a falta de médicos no hospital de Portalegre, “no turno da manhã, que dura oito horas”, “é recorrente”. O jornal salienta que “encontrou, até, dias com carência de clínicos em mais do que um turno por dia”.
O Bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, diz também a este jornal que tem “conhecimento de vários buracos nas escalas das equipas médicas de suporte avançado de vida em várias zonas do país”.
A OM exige também que a morte do bebé seja “rapidamente investigada, até às últimas consequências”, por estar em causa “uma situação muito grave”.
“Já é o segundo bebé que perdemos num ano por negligência médica”
Os pais do bebé recém-nascido estão a receber acompanhamento psicológico, até porque já tinham perdido um filho no ano passado.
Em 2021, o casal perdeu uma filha ainda no ventre da mãe por “mau acompanhamento por parte do médico do Hospital de Portalegre”, segundo alega o pai do bebé, Osvaldo Francisco, em declarações ao CM.
“Vamos fazer de tudo, até porque já é o segundo bebé que perdemos num ano, e ambos por negligência médica“, lamenta Osvaldo Francisco que diz que já trabalhou em emergência médica.
“Sei a diferença que é ter o apoio da VMER. Podia ter sido diferente, pois quando os bombeiros chegaram, o menino estava a respirar. Eles fizeram tudo, foram rápidos a chegar, mas não conseguiram”, lamenta ainda o pai.
O corpo do bebé vai ser autopsiado em Lisboa, para determinar as causas da morte.
ZAP // Lusa
Os Crimes de homicídio e contra a integridade física tutelam e protegem o bem jurídico da vida humana e a dignidade da pessoa humana Mas, e no contexto de Guerra? como funciona o MP. E no contexto de Pandemia COVID19, como funciona o MP. Não é preciso ser Cientista, os recursos humanos do SNS são escassos. Os médicos e enfermeiros estão a fazer escala de serviço nos Hospitais Privados. Há prioridades? A questão é: qual o “estado de arte” da estrutura da Rede Nacional de Emergências Médicas em Portugal? Uma coisa é a discussão política acerca das consultas, das cirurgias e dos médicos de família, e listas de espera. E ninguém fala e ninguém discute Como está a Rede Nacional de Emergências Médicas em Portugal! Equipas de Emergência de saúde, Equipamentos de Transporte de Emergência, Ambulâncias e VMER, os CDUS, etc. Santa ignorância política de Portugal! É preciso discutir a Axiologia da Saúde Humana em Portugal.
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