Sérgio Moro fica proibido de advogar por 6 meses mas recebe salário de ministro

A Comissão de Ética da Presidência brasileira proibiu, esta terça-feira, o ex-ministro da Justiça de advogar por seis meses, decidindo que receberá um salário de ministro de 31 mil reais (5300 euros) durante este período.

Segundo a imprensa local, Sérgio Moro foi ainda autorizado a dar aulas e a escrever artigos para a imprensa durante o período de seis meses, a contar a partir da data em que se demitiu do Governo.

O impedimento de exercer atividades profissionais logo após a saída do Executivo foi justificado pelo potencial conflito de interesses, pelo facto de ter tido acesso a informações privilegiadas no Governo.

Moro pediu a demissão do cargo ministerial no final de abril, acusando o Presidente do país, Jair Bolsonaro, de tentativa de interferência na Polícia Federal, na sequência da demissão do ex-chefe da instituição Maurício Valeixo.

Segundo o antigo ministro da Justiça, Bolsonaro teria exigido a troca do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro para evitar investigações a familiares e aliados. Desde então, Moro tem dado entrevistas e já foi ouvido pela Justiça contra o chefe de Estado.

Moro foi um dos principais membros do Governo brasileiro e mantinha uma popularidade maior do que a do próprio chefe de Estado, com quem entrou em conflito algumas vezes, incluindo numa tentativa anterior de exoneração de Valeixo, em agosto do ano passado.

O ex-ministro ficou conhecido internacionalmente por liderar a Lava Jato, a maior operação anti-corrupção no Brasil, e por condenar o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Moro deixou a magistratura para se juntar ao Governo de Bolsonaro, mas vinha sofrendo desgastes consecutivos por divergências com o Presidente.

Esta segunda-feira, o Presidente voltou a criticar o seu ex-ministro, desta vez por defender a detenção de quem não cumprisse o isolamento social imposto devido à covid-19, acusando-o de cobardia e de contrariar a ideologia do Governo.

“Por isso é que naquela reunião secreta, o Moro, de forma cobarde, ficou calado. Ele queria ainda uma portaria que multasse quem estivesse na rua. Essa era a pessoa que estava lá, perfeitamente alinhada com outra ideologia que não era a nossa. Graças a Deus ficámos livre dele”, afirmou o Presidente a apoiantes, em Brasília.

ZAP // Lusa

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