Moro nega parcialidade na condenação de Lula e admite “absoluta tranquilidade”

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Marcelo Camargo / Agência Brasil

O ex-ministro da Justiça do Brasil, Sérgio Moro

O ex-juiz brasileiro negou, esta quarta-feira, que tenha sido parcial nos processos e julgamentos da operação Lava Jato, inclusive na condenação do antigo Presidente, afirmando estar em “absoluta tranquilidade”.

Em causa está a decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), esta terça-feira, que ditou que Sérgio Moro foi parcial ao condenar Lula da Silva no caso do apartamento triplex do Guarujá (São Paulo), no âmbito da operação Lava Jato.

“Todos os acusados foram tratados nos processos e julgamentos com o devido respeito, com imparcialidade e sem qualquer animosidade da minha parte, como juiz do caso”, disse Moro num comunicado enviado à rede Globo.

“Apesar da decisão, tenho absoluta tranquilidade em relação aos acertos das minhas decisões, todas fundamentadas, nos processos judiciais, inclusive aqueles que tinham como acusado o ex-Presidente”, acrescentou o antigo juiz, que foi também ministro da Justiça no Governo do atual chefe de Estado, Jair Bolsonaro.

Moro argumentou que a sentença condenatória contra Lula da Silva foi confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região e pelo Superior Tribunal de Justiça “que, igualmente, rejeitaram as alegações de falta de imparcialidade”.

O antigo juiz, uma das figuras centrais da Lava Jato, destacou ainda a sua preocupação com um eventual retrocesso no combate à corrupção no Brasil.

O Brasil não pode retroceder e destruir o passado recente de combate à corrupção e à impunidade e pelo qual foi elogiado internacionalmente. A preocupação deve ser com o presente e com o futuro para aprimorar os mecanismos de prevenção e combate à corrupção e com isto construir um país melhor e mais justo para todos”, concluiu.

Com a decisão firmada na terça-feira pelo STF, foi anulado todo o processo do caso triplex de Lula da Silva, que terá de ser retomado do zero pelos investigadores.

Entre os argumentos para considerar a parcialidade de Moro, os magistrados citaram conduções coercitivas, espetacularidade do caso, intercetações telefónicas e quebras de sigilo.

Especialistas consideram que a suspeição de Sérgio Moro poderá resultar numa eventual anulação de todos os casos da Lava Jato nos quais o ex-juiz e o grupo de trabalho de Curitiba (Paraná) atuaram, apesar de vários juízes do Supremo terem manifestado que a decisão de hoje se aplica apenas ao processo de Lula.

A sentença que condenou Lula já tinha sido anulada por outra decisão, determinada pelo juiz do STF Edson Fachin, que apontou a incompetência da Justiça Federal do Paraná para analisar os processos do ex-Presidente, e anulou todas as suas condenações no âmbito da Lava Jato de Curitiba.

Isto não quer dizer que o antigo chefe de Estado tenha sido declarado inocente, já que os processos serão remetidos para a justiça do Distrito Federal, que vai reavaliar os casos e pode receber novamente as denúncias e reiniciar os processos anulados.

Com a decisão, porém, Lula da Silva voltou a ser elegível e recuperou os seus direitos políticos. O ex-Presidente brasileiro já admitiu voltar a candidatar-se à Presidência, caso o seu partido (PT) e os seus aliados concordem.

“Quando chegar o momento de concorrer às eleições, se o meu partido e os partidos aliados entenderem que posso ser o candidato, se eu estiver bem, com a saúde e energia que tenho hoje, posso reassegurar que não vou negar essa convocação”, afirmou.

ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. Como é que este juiz, que até parecia uma pessoa normal e correcta, se foi meter numa seita de loucos como o Bolsonaro, sacrificando a sua carreira, destruindo a sua imagem e dando uma imagem ainda pior do Brasil?!

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