E se tivéssemos um “modelo inglês” de propinas?

Proposta do Chega a um primeiro-ministro que “brinca com os jovens”. Para o PCP, as medidas são um “tiro ao lado”.

O Chega propôs esta quinta-feira a instituição em Portugal do “modelo inglês” de propinas e acusou o primeiro-ministro de “brincar com os jovens” com o anúncio de medidas “absolutamente paliativas”.

A posição deste partido sobre as medidas dirigidas aos jovens anunciadas por António Costa na quarta-feira foi transmitida pela deputada Rita Matias, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.

Uma das medidas que o primeiro-ministro e secretário-geral do PS anunciou na quarta-feira à noite, na Academia Socialista, em Évora, foi a devolução aos jovens recém-formados, por cada ano de trabalho em Portugal, do valor anual que pagaram de propina no ensino superior público do país.

Segundo Rita Matias, o Chega defende que deveria “ser ao contrário: os jovens não terem de pagar as propinas enquanto estão a estudar no ensino superior“, mas pagarem mais tarde quando trabalharem, “porque isto sim trará liquidez e trará o valor do qual necessitam nos primeiros anos enquanto estão a frequentar o ensino superior”.

“Vamos propor que, então, à semelhança do modelo inglês, comecem a pagar o valor das propinas depois de alguns anos de carreira contributiva e de auferirem um valor acima da média [salarial] que é a média dos jovens atualmente, de 900 euros”, disse a deputada do Chega.

Por outro lado, o Chega vai “voltar a reforçar a proposta de comparticipação do valor de entrada para uma casa”, porque entende que “os jovens querem ser proprietários” e que esta medida contribuirá para “que se fixem em Portugal”.

Numa alusão à moção de censura que o Chega anunciou para o início da nova sessão legislativa, Rita Matias considerou que o Governo “merece ser censurado” também pelo conjunto de medidas anunciado na quarta-feira para os jovens.

A deputada qualificou as medidas como “absolutamentepaliativas” face aos problemas de precariedade laboral e dificuldade de acesso à habitação que os jovens enfrentam, com um “mercado de arrendamento que é absolutamente desajustado da realidade salarial dos jovens portugueses”, e prometeu que o Chega “irá apresentar um programa que responderá então a estes desafios”.

Na quarta-feira à noite, António Costa anunciou que os jovens terão total isenção de IRS no primeiro ano de trabalho, só pagarão 25% do que deveriam pagar no segundo ano, metade no terceiro e quarto e 75% no quinto ano e, entre outras medidas, que haverá passes gratuitos para quem tem até 23 anos.

Outras reações

O PSD considera que o Governo está a agir após propostas dos sociais-democratas, mas “copia mal”.

“Parece evidente que o Governo vem reagir a reboque do PSD: copia, mas copia mal. O que apresenta é manifestamente poucochinho e incapaz de resolver quer a asfixia fiscal, quer a asfixia sobre jovens que não veem condições para se fixarem e se emanciparem neste país”, disse António Leitão Amaro.

O Bloco de Esquerda, por Mariana Mortágua, atirou que o Governo está a tentar “pagar o menos possível, o mais tarde possível e normalmente o resultado é que isso não resolve problema nenhum e enreda as pessoas em apoios complicados que nunca são para hoje, que nunca são para já, que têm sempre condições de recurso”.

Para o Partido Comunista Português, estás medidas são “absolutamente inócuas” e “um tiro ao lado“, descreveu Alma Rivera.

ZAP // Lusa

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