“Espero que isto não seja apenas uma moda”, comenta o presidente da APEL. A pandemia mudou o panorama do mercado em Portugal.
Ver mais portugueses, e mais jovens, pegar novamente em livros quando a pandemia surgiu, não foi propriamente uma surpresa.
O que surpreendeu foi ver o crescimento no mercado literário depois do período mais “apertado” da COVID-19.
O mercado livreiro em Portugal cresceu 15% em 2022 e aponta-se para aumento de 5% no ano passado. Destacam-se crescimentos nos livros de ficção, ficção infanto-juvenil e turismo.
Mais portugueses passaram a ter o hábito da leitura – num país em que a maioria dos habitantes nunca lê qualquer livro durante um ano inteiro.
Pedro Sobral, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), olha para esta “pequena alteração de paradigma”. Ou seja, acabou a tendência de só se comprar livros no Natal – e para oferecer.
Agora, descreve no jornal Expresso, há outros picos de consumo “muito interessantes”: férias da Páscoa, Feira do Livro e início do Verão.
O tipo de ficção que é mais comprado mudou também “um bocadinho. Este romance contemporâneo, aquilo que se chama os Tiktok Novels, que é muito consumido por estas faixas etárias, é um romance que toca assuntos que também são sensíveis para esta jovem comunidade de leitores”. Os assuntos são, entre outros, violência no namoro, género, bullying, drogas ou namoro no local de trabalho.
Os livros de banda desenhada/manga também tiveram um “salto” considerável: de 2% da quota de mercado para 9%, nos últimos quatro anos.
Ou seja: os jovens estão a comprar mais livros. E as redes sociais têm um impacto evidente nesta nova tendência, admite Pedro Sobral.
“A rapidez com que tivemos muita gente a partilhar esta descoberta e, acima de tudo, os milhões de pessoas que vêem” são um rosto desse impacto.
“Espero que isto não seja apenas uma moda“, comentou o presidente da APEL, que lembrou um ponto importante em relação aos números: há crescimento, sim, mas com base em números anteriores muito baixos.