Confirmado: moção de censura a Boris. Mas não há “alternativa de sucesso garantido”

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Tolga Akmen/EPA

Caso partygate origina moção de censura dentro do próprio partido do primeiro-ministro, que foi vaiado nas celebrações do Jubileu de Isabel II.

Os ingleses não escondem a sua insatisfação com Boris Johnson. Nem quando o contexto é o Jubileu da rainha Isabel II.

Na sexta-feira passada, enquanto subia as escadas da Catedral de São Paulo, local da missa do Jubileu de Platina da rainha, o primeiro-ministro do Reino Unido ouviu diversos assobios.

A origem do descontentamento é a já famosa designação partygate: as festas que decorreram na residência oficial do primeiro-ministro quando havia regras (COVID-19) que proibiam a realização desses ajuntamentos.

Ainda no ano passado o caso chegou à Câmara dos Comuns em Londres, como se esperava. E, aí, o primeiro-ministro foi mudando as suas respostas.

Primeiro não sabia de nada, depois reconheceu que havia eventos mas considerava eventos de trabalho que não quebravam regras; após um relatório, disse que as festas eram importantes para o moral da sua equipa.

Assim, com o passar do tempo, o conservador deixou de negar as festas, mas tem suavizado o assunto. Não se demite, quer apagar esta “experiência terrível” e não se considera um mentiroso frequente.

Moção de censura…sem alternativas?

Mas os outros elementos do Partido Conservador não se esquecem deste assunto e, já nesta segunda-feira, vai decorrer uma moção de censura.

Dentro do partido existe o Comité 1922, que recebe pedidos para a votação de moções de censura. Esse comité recebeu pedidos suficientes neste caso e, ao fim da tarde, vai ser votada a moção em relação ao seu líder.

No início deste ano, deputados denunciaram a chantagem de quem têm sido alvo por quererem o afastamento de Boris da liderança dos Conservadores (como ameaças de corte do financiamento público para os seus círculos eleitorais).

Há 359 conservadores parlamentares e, por isso, serão precisos 180 votos para destituir Boris Johnson da liderança do partido (e do cargo de primeiro-ministro). Caso a moção seja rejeitada, durante um ano não haverá apresentação de novas moções de censura.

“Há uma tradição entre os conservadores de afastar o líder do próprio Partido Conservador, que é habitual em jogadas de bastidores e em noites de facas longas”, comentou a jornalista Cátia Bruno, na rádio Observador.

A noite das facas longas “original” teve outro desfecho: elementos do Partido Nazi, apoiantes de Adolf Hitler, mataram numa madrugada dezenas de militantes que faziam parte das Tropas de Assalto e eram mais próximos de Ernst Röhm.

Mas há um problema no partido, caso Boris saia: a sucessão. Rishi Sunak, ministro das Finanças, tem sido nome comentado frequentemente, tal como Liz Truss, ministra dos Negócios Estrangeiros, ou ainda Jeremy Hunt, derrotado internamente em 2019 por Boris Johnson.

“Mas nenhuma figura é consensual, não há alternativa de sucesso garantido. Por isso, o afastamento do primeiro-ministro não é certo”, avisou Cátia Bruno.

Até agora, como consequências do partygate, mais de 100 multas foram aplicadas a membros do Governo do Reino Unido – incluindo Boris Johnson, que foi multado uma vez e teve de pagar 50 libras (46 euros).

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

2 Comments

  1. Inacreditável: o próprio partido a dar a mão à oposição. A esquerdalhada rejubila. A hipocrisia em pleno no mundo de hoje.

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