Ou então a tese de que todos temos de beber oito copos de água por dia, que não devemos comer à noite ou que a vacina causa autismo.
Quase de certeza que o leitor ou leitora do ZAP já ouviu alguma das teorias que se seguem neste artigo. E, muito provavelmente, até aplica uma ou outra.
Podemos já esclarecer: nenhuma tem evidência científica. São todas teorias, mitos, que se foram criando sobre a nossa saúde – e que, tal como noutros campos, tanto foram repetidas que até parecem verdade.
Mas nenhuma é verdade, avisam os médicos ou outros especialistas em saúde.
1. Todos temos de beber 8 copos de água por dia
Quem disse? Claro que temos de beber água todos os dias. A água representa entre metade e dois terços do peso médio de uma pessoa. Mas a quantidade ideal de água depende de vários factores: peso, saúde no geral, actividade física, até o clima… Não há uma regra universal. Há uma “forma geral”, como diz por exemplo o nosso SNS, que sugere entre 1,5 litros e 2 litros de água por dia, num adulto; nas crianças, já depende muito da idade.
2. Ler com pouca luz estraga a visão
Essa já deve ouvir desde que era criança. Sim, ler quase às escuras pode causar fadiga ocular temporária, mas não há evidências de que isso cause danos permanentes à visão, salienta o Centro de Oftalmologia Avançada.
3. Comer à noite engorda
Aqui costuma-se dizer que comer hidratos de carbono à noite engorda. Primeiro: os hidratos de carbono nem estão directamente relacionados com o aumento do peso, lembra a Lusíadas Saúde. Sozinhos, não. Segundo: se comemos mais calorias do que aquelas que gastamos ao longo do dia, é provável que engorde, sim – mas pouco importa a hora em que come.
4. Laranja à noite mata
Por falar em comer à noite, desde pequeninos que ouvimos a história de que não podemos comer laranja à noite, porque nos faz mal. A quê? “A laranja de manhã é ouro, à tarde é prata e à noite mata” – mito. A Medicare sugere que este dito popular tem origem noutra ideia (também duvidosa) de que a laranja é estimulante e que, por isso, pode contribuir para as insónias.
5. Açúcar causa hiperactividade em crianças
Mães e pais ouvem isto e aplicam esta regra. Baseada em… nada. Diversos estudos científicos têm mostrado que não há uma ligação directa entre o consumo de açúcar e o aumento da actividade em crianças. A criança fica “hiperactiva” numa festa de aniversário – será por causa das gomas, ou por causa do ambiente e dos amigos? Ingerir açúcar não torna uma criança irrequieta. E já agora, completa a Médis, o açúcar também não origina falta de concentração ou incapacidade de fazer os trabalhos da escola.
6. Comer de 3 em 3 horas emagrece
Mais uma vez: quem disse? Como salienta a Cristina Sales – Medicina Funcional, esta “regra” nutricional, que é das mais espalhadas de sempre, não tem nenhuma base científica.
7. Apanhar frio provoca gripe
Agora deixemos a alimentação em paz. E não, o “culpado” pela gripe não é a temperatura, não é o frio. Explica a CUF que ficamos com gripe (ou constipação, já agora) quando ficamos expostos ao vírus respectivo. Associamos a gripe ao frio, ao Inverno, porque é nesta fase em que as escolas estão a funcionar, ficamos mais tempo em espaços fechados, mais próximos uns dos outros… E mais facilmente apanhamos o vírus. O que o frio pode fazer é agravar a situação de pessoas com asma e bronquite – e isso sim, pode aumentar a vulnerabilidade aos vírus que provocam gripe ou constipação.
8. Vacina causa autismo
Esta teoria surgiu muito por causa da COVID-19. Ou foi reforçada na pandemia. Até o Governo do Brasil veio esclarecer que esse mito surgiu há quase 30 anos por causa de um estudo… falso. Com dados falsos. Não existe qualquer relação entre vacinas e autismo.
9. Proibido tomar banho depois de comer
Essa regra, dita assim, é falsa. O que pode realmente causar uma arritmia, ou mesmo paragem cardíaca, é o choque térmico. Tomar banho logo depois de uma refeição não tem problema se a água estiver à temperatura do corpo. Deve-se evitar o choque térmico, para não ser gasta energia necessária para a digestão.
10. Curar rapidamente uma ressaca
Nem café, nem sais de frutos, nem ovos, nem banho gelado, nem… beber outra vez. Tudo isso é conversa, avisa a Globo. Pode tentar minimizar os sintomas de uma ressaca, mas não há nenhuma cura rápida.
8. Vacina causa autismo
«Não existe qualquer relação entre vacinas e autismo.»
A afirmação 8 pode (ou não) ser errada, mas a justificação é completamente errónea, já que existe uma correlação elevadíssima entre o aumento da cobertura vacinal na infância e os níveis, não só de autismo mas também de doenças crónicas infantis. É claro que a simples correlação não basta, para afirmar uma relação – direta ou indireta – de causa e efeito, mas existe de forma clara e indesmentível nos gráficos que associam o número de vacinas obrigatórias na infância e a subida inequívoca da taxa de autismo na população infantil, incluindo Portugal – atualmente, são recomendadas 28 vacinas para crianças até aos 10 anos, sendo que a quarta parte são vacinas triplas! Logo, na realidade são 42 (!) vacinas, que cobrem 13 diferente infeções. Nos EUA, são 31 vacinas obrigatórias até aos 6 anos, incluindo também 7 vacinas triplas, que cobrem 16 diferente infeções – RSV, covid-19 e gripe não estão incluídas no sistema português que data de 2020. Assim, a frase acima é claramente incorreta e deveria ser suprimida desta notícia.
« The pathophysiology of ASD [Autism spectrum disorder] is poorly defined; however, it includes a strong genetic component and there is increasing evidence to support a role of immune dysregulation.» – “Genetic relationship between the immune system and autism”, in Brain, Behavior, & Immunity – Health, Volume 34, December 2023
Também há uma correlação elevadíssima entre a diminuição da mortalidade infantil e a vacinação, e a correlação dos PFAS existente nos biberões, chupetas etc… e as diversas patologias incluindo autismo ??? Felizmente existe vacinas, o que seria uma sociedade enferma ou a morrer de sarampo, tétano poliomielite etc…
Quanto ao artigo em inglês caso não saiba as doenças auto-imunes são doenças em que o sistema imunitário luta contra o próprio corpo e nada tem a ver com vacinas.
De acordo com o que li no comentário do sr Rui Vaz, não me pareceu que houvesse algum incentivo à não vacinação, ou à escolha entre a vacinação e a possibilidade de vir a desenvolver autismo, o que compreendi foi o evidenciar das imprecisões da notícia de forma fundamentada, pois cabe a quem noticía informar correctamente e sem tendências por forma a que quem recebe as informações não seja induzido a erro.
Comer laranja à noite mata. Isto, segundo rezam as histórias, remonta a tempos antigos, quando nem sequer existia energia elétrica. Nessa época, os agricultores terão criado esse mito com o objetivo de proteger as suas laranjeiras.
Acredita-se que essa crença tenha surgido como uma forma de evitar que os frutos fossem saqueados durante a noite, período em que a escuridão facilitava a ação dos ladrões. Com a disseminação deste ditado, as pessoas passaram a temer consumir laranjas à noite, o que, de forma indireta, funcionava como uma estratégia de autodefesa para os agricultores.
Dessa maneira, ao evitar que o fruto fosse colhido ou roubado durante a noite, tornava-se mais fácil identificar e apanhar os ladrões à luz do dia.